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​Ferreira do Alentejo

Poluição causada por “avaria pontual”, diz fábrica de Fortes

15 jun, 2018 - 19:05 • Rosário Silva

Esta é a primeira vez que, oficialmente, a fábrica de secagem de bagaço de azeitona se pronuncia, depois de semanas de alvoroço, com a população a encetar uma luta nunca antes vista na pequena localidade do Baixo Alentejo.

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A AZPO – Azeites de Portugal afirma que os problemas relacionados com o aumento das emissões poluentes na sua fábrica de Fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, e que levaram à suspensão da laboração pelo IAPMEI, ficam a dever-se a “uma avaria pontual, fruto de um ato isolado”.

Esta é a primeira vez que, oficialmente, a fábrica de secagem de bagaço de azeitona se pronuncia, depois de semanas de alvoroço, com a população a encetar uma luta nunca antes vista na pequena localidade do Baixo Alentejo.

Em comunicado enviado à Renascença, a AZPO explica, sem detalhar, que se tratou de uma situação que “nunca tinha sucedido”, garantindo que “está a ser resolvida de imediato”, numa altura em que terminou também a campanha de transformação de bagaço de azeitona.

A reação da AZPO surge um dia depois do IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação anunciar a decisão de suspender a laboração da AZPO - Azeites de Portugal, "pelo prazo máximo de seis meses" e ao abrigo do disposto no Sistema da Indústria Responsável.

Segundo a agência Lusa, que cita fonte do instituto de apoio às pequenas e médias empresas, a decisão foi tomada pelo Conselho Diretivo do IAPMEI devido "aos resultados dos relatórios de monitorização dos efluentes gasosos remetidos" pela AZPO no passado dia 14 de maio e ao teor do pedido feito pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo para suspensão da laboração da fábrica devido a infrações graves.

No início da semana, de acordo com a mesma fonte, a AZPO foi notificada da decisão, tendo o IAPMEI informado a fábrica de que a laboração "não poderá ser retomada enquanto não for demonstrado o cumprimento de todas as condições impostas" em matéria de emissão de poluentes para a atmosfera de acordo com a lei e na sequência das vistorias "realizadas anteriormente".

No mesmo comunicado, a Azeites de Portugal, anuncia que tem em curso “um ambicioso plano de investimento na sua fábrica, de cerca de 1 milhão de euros, há muito planeado e que em breve ficará concluído”.

Com a próxima campanha de transformação de bagaço de azeitona já em perspetiva, a empresa diz que “vai continuar a adquirir a produção aos agricultores do Alentejo que fornecem a fábrica” e assume como prioridade “garantir todos os postos de trabalho de todos os trabalhadores”, ou seja, “30 empregos diretos e mais de 80 empregos indiretos”.

Na resposta oficial à celeuma dos últimos tempos, a AZPO assume-se “consciente do seu papel enquanto promotora do desenvolvimento, emprego e riqueza naquela região do país”, e mostra total disponibilidade para o “dialogo com todas as entidades, públicas e privadas, que ao longo dos anos connosco tem interagido”.

Ainda de acordo com a informação prestada, a empresa lembra que “transforma cerca de 33% de toda a produção de bagaço de azeitona do Alentejo, num total de 200 mil hectares de olival, aproximadamente, e que a totalidade da sua produção se destina ao mercado externo”.

Fortes satisfeita com suspensão temporária da laboração

Na localidade de Fortes, concelho de Ferreira do Alentejo, a notícia da suspensão da laboração da fábrica de bagaço de azeitona "pelo prazo máximo de seis meses", foi recebida com muita satisfação.

À Renascença, a Plataforma “Problema Ambiental das Fortes” fez chegar um comunicado referindo tratar-se “culminar de 9 anos de uma intensa luta por parte dos moradores”, e que, finalmente, e “muito justamente viram a razão do seu lado” ao serem “adotadas as medidas por parte das entidades responsáveis”.

Ainda assim, os moradores prometem permanecer atentos, com a Plataforma a reiterar a necessidade de as “entidades competentes continuarem a fiscalizar regularmente a atividade da fábrica”, para que a “legislação seja cumprida” e atenuados “os impactos ambientais e para a saúde pública”.

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