Junto à fronteira, mas do lado de lá: “Espanha ganha. Portugal não tem 11 Ronaldos”

Em Verín, na província espanhola de Ourense, cidade a pouco mais de 20 quilómetros de Chaves, as expetativas são elevadas. Os ‘nuestros hermanos’ confiam que do confronto entre as duas seleções da Península Ibérica, a Espanhola vai sair vencedora.

Mas há também os que torcem pela equipa portuguesa e veem em Cristiano Ronaldo a chave para a vitória. “Quem vai ganhar o jogo é a Espanha. É muito melhor equipa, mais forte ”, atira Jose Vilalba, de 52 anos.

Sentado na mesma esplanada, Pepe Fernandez, de 75 anos, entra na conversa e manifesta-se convicto na vitória. “Vamos ganhar. Claro que vamos ganhar. Portugal tem um excelente jogador que é o Ronaldo, mas frente a frente vão estar 22 jogadores e Portugal não tem 11 Ronaldos”, observa.

Noé Martin, de 47 anos, acredita que vai ser “uma boa partida de futebol” e atribui o favoritismo à seleção do seu país.

“A seleção de Espanha é superior pelo seu coletivo, os jogadores têm muita experiência em jogos internacionais. Há jogadores do Real Madrid e do Barcelona que já ganharam competições europeias ao mais alto nível. Jogador por jogador, não há nenhuma seleção que seja superior à de Espanha”, argumenta o adepto espanhol.

A mudança de selecionador espanhol “pode baralhar as coisas”, teme Pepe Garcia, de 44 anos, considerando que “não se faz uma coisa destas, porque os jogadores vão andar meio perdidos e isso só é bom para Portugal”.

Já Garcia Gómez, de 70 anos, entende que “a saída de Julen Lopetegui só foi boa para Espanha. Hierro vai fazer um bom trabalho e vamos vencer, e não é só com Portugal”. “Vamos ganhar por 2-1. Iniesta marca os dois golos e Cristiano marca por Portugal”, vaticina.

Alba Diaz, de 32 anos, também quer a vitória, mas teme que Ronaldo, “o melhor do mundo”, possa “fazer das suas” e marcar um golo à Espanha. “Se Portugal ganhar também é uma alegria. É um país vizinho, que ganhe o melhor”, conclui Alba.

Na Rua pedonal Montemaior, sentando num banco, Pablo López, de 65 anos, promete torcer pela seleção portuguesa. “Portugal vai ganhar, tem bons jogadores e eu gostava muito que levassem de vencidos os espanhóis, que têm muita política em cima”, diz à Renascença.

Pablo recua aos tempos do contrabando para referir que “a amizade com os vizinhos começou aí” e perdura na atualidade “com convívios em festas e restaurantes”, mas ressalva que não é só por ser amigo dos portugueses que quer a vitória, “é porque os jogadores têm mais qualidade”.

Também Diego Alejandro, de 52 anos, considera a seleção portuguesa superior à espanhola e acredita que “Cristiano, o melhor do mundo, vai resolver”.

Autarcas de Chaves e Verín juntos para ver a jogo

A estreia da formação de Portugal no Mundial de 2018 está marcada para esta sexta-feira, em Sochi, frente à Espanha, num embate do Grupo B, marcado para as 21 horas locais (19 horas em Portugal).

O jogo vai juntar os autarcas de Chaves-Verín, que na sede da Eurocidade, em Feces de Abaixo, juntamente com outros eurocidadãos, vão “pôr à prova o sentimento de países irmãos e assistir em conjunto ao confronto entre as duas seleções da Península Ibérica.

O Presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, acredita que “o jogo será muito renhido”, mas que “Portugal sairá vencedor do encontro”.

“Apesar da divergência dentro das quatro linhas, no final Chaves e Verín - bairro norte e bairro sul - continuarão a falar a uma só voz”, realça o autarca.

O projeto da Eurocidade nasceu há 11 anos anos. As cidades de Chaves e Verín, que partilham o Tâmega, uniram forças e criaram uma verdadeira Eurocidade, através de uma oferta comum de serviços, instalações municipais e outras facilidades como eventos culturais, comércio, desporto e turismo.

A Eurocidade partilha já uma sede, um cartão, uma agenda cultural, um guia turístico, instalações desportivas e recreativas e atividades conjuntas.

De acordo com os Censos, em 2011 residiam na Eurocidade Chaves-Verín 55.710 pessoas, correspondendo a população do Município de Chaves a perto de três quartos e o outro quarto à de Verín.

Em relação à sua dimensão territorial, a Eurocidade tem uma superfície de 685,3 km2. Também neste caso, Chaves contribui com a maioria da superfície do território (591,2 km2) à Eurocidade Chaves-Verín, com uma área seis vezes superior à do município de Verín (94,1 km2).