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​Morreu Albano Martins, o poeta que “nunca fez concessões ao facilitismo”

07 jun, 2018 - 00:54

Autor escreveu obras como "Secura Verde", "O Oiro do Dia" ou "Os remos escaldantes". Tinha 87 anos.

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O poeta, professor e tradutor Albano Martins morreu, aos 87 anos, avançou a Universidade Fernando Pessoa, do Porto.

Albano Martins morreu esta quarta-feira, no Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, onde se encontrava internado. O funeral do poeta está marcado para quinta-feira, às 16h00, saindo de Mafamude, Vila Nova de Gaia, onde o escritor residia. Não haverá velório nem cerimónias fúnebres.

Docente na Fernando Pessoa, Albano Martins nasceu em 1930, na aldeia do Telhado, concelho do Fundão, e a sua obra está publicada em cerca de duas dezenas de livros de poesia e em diversas antologias e obras coletiva.

Licenciado em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa, Albano Martins é autor de obras como "Secura Verde" (1950), "O Oiro do Dia" (1979), "Os remos escaldantes" (1983), "Uma colina para os lábios" (1993) e "Escrito a vermelho" (1999).

Em 1986, foi distinguido pela Sociedade Brasileira de Língua e Literatura, do Rio de Janeiro, com a medalha Oskar Nobiling de mérito cultural durante o XVIII Congresso Brasileiro de Língua e Literatura.

O primeiro livro, "Secura Verde", data de 1950, o segundo, "Coração de Bússola", de 1967, passando então a publicar regularmente.

"Tive de trabalhar muito para ser professor", disse o poeta, em março de 2009, quando foi homenageado na 1.ª Tertúlia de Poesia Primavera, em Vila Nova de Gaia. Por isso há um interregno na obra, nos anos de 1950/60. A universidade não preparava ninguém para lecionar naquela altura, afirmou.

Nessa sessão de homenagem pelos seus 80 anos, transcrita no blogue da Biblioteca Municipal de Gaia, Albano Martins disse que não gostava de falar em carreira literária.

"Os poetas não têm carreira literária", assegurou. "Escrevem porque a escrita é uma necessidade, porque é imperioso escrever".

“Nunca fez concessões ao facilitismo”

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, lamenta a morte de Albano Martins, que considera um "autor rigoroso, que nunca fez concessões ao facilitismo", sublinhando o facto de ter traduzido autores como Pablo Neruda.

"Autor rigoroso, que nunca fez concessões ao facilitismo, lutando, pelo contrário, pela exigência da palavra escrita, colaborou em muitos jornais e revistas nacionais e espanhóis", lê-se numa nota de pesar do ministro da Cultura, na qual envia condolências à família do poeta.

Luís Filipe Castro Mendes sublinha ainda a "vasta obra reconhecida em Portugal e no estrangeiro", de Albano Martins, com poemas traduzidos em várias línguas.

O responsável da pasta da Cultura frisa que Albano Martins se destacou igualmente na tradução de autores de língua espanhola, como Pablo Neruda, Nicanor Parra e Rafael Alberti, e na de poesia greco-latina, representada na "Antologia Palatina" e na "Antologia de Planudes".

Recorda ainda os prémios, as distinções e as homenagens, que "mostram bem a qualidade da obra e o perfil rigoroso" de Albano Martins, assim como a sua mais recente publicação, "Poemas Escolhidos", com data deste ano, que reúne 99 poemas acompanhados por desenhos de José Rodrigues.

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