01 jun, 2018 - 17:31
Rui Patrício conta, na carta de rescisão unilateral de contrato, o que aconteceu na reunião do plantel do Sporting com o presidente, Bruno de Carvalho. O treinador, Jorge Jesus, também esteve debaixo de fogo.
O ponto de rutura entre jogadores e Bruno de Carvalho chegou após a derrota (2-0) frente ao Atlético, em Madrid. O líder leonino publicou uma mensagem de teor particularmente agressivo, no Facebook, e os jogadores ripostaram com manifestação de desagrado nas redes sociais.
Antes da receção ao Paços de Ferreira, foi marcada reunião entre o plantel e Bruno, que consigo levou o "team manager", André Geraldes. Patrício relata, na carta, que Bruno de Carvalho "estava visivelmente exaltado com 'ar de ditador', alucinado e visivelmente tresloucado":
"Aliás, a postura física do Presidente, principalmente em relação a mim foi sempre de enorme agressividade reiterando, várias vezes, que eu e o William Carvalho é que organizávamos a revolta dos outros, para podermos sair do clube. Inúmeras vezes, dirigindo-se a mim aos berros afirmou: 'Pensas que estás a falar com quem?'. E sempre que eu tentava referir que o que se devia discutir era o ataque do Presidente ao grupo de trabalho, este reafirmava que os seus 'posts' não tinham nada de mal".
O guarda-redes alega, até, que Bruno de Carvalho chegou a proferir as seguintes palavras: "Vocês são uns meninos mimados, eu sou o Presidente, eu faço o que quiser e escrevo o que quiser, onde quiser". Patrício dá conta de que a reunião "decorreu num tom ameaçador".
A segunda reunião e as palavras a Jesus
Mais tarde, jogadores e treinador foram convocados para nova reunião.
Bruno estava "mais calmo", no entanto, "enquanto que o plantel esperava um pedido de desculpas" pela forma como a reunião anterior tinha decorrido e em especial pelos posts" no Facebook, o presidente "apenas queria saber porque é que os jogadores tinham colocado o 'post' deles".
Quando Jorge Jesus recordou a Bruno que tinha dito que pretendia pedir desculpas, o líder leonino garantiu que não fizera "nada de mal" e disparou, "vitimizando-se", contra o técnico: "No final da época eu vou-me embora, vou para junto da minha família, nada mais importa, está aqui o REI [referindo-se a Jorge Jesus] e eu vou-me embora, para junto da minha família, que é o mais importante, que gosta de mim".
"E antes de se ir embora terminou dizendo: 'Vou tirar a suspensão, o mister pode convocar quem quiser, é o Rei do Clube'", conta Rui Patrício.