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Polícia belga abriu fogo contra refugiados. Uma bebé morreu com um tiro na cara

24 mai, 2018 - 13:58

Procuradoria começou por desmentir que a criança de dois anos tivesse morrido na sequência de fogo policial.

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As autoridades belgas admitiram que uma bebé de dois anos morreu na sequência de disparos da polícia contra uma carrinha que transportava migrantes perto de Mons, na região da Valónia.

Inicialmente, a procuradoria tinha desmentido os relatos recolhidospelo jornal britânico "Guardian" junto dos parentes da bebé, que se chamava Mawda.

O Ministério Público começou por alegar que a sua morte teria resultado da condução errática do veículo, no qual seguiam 26 adultos e quatro crianças. Acabaria depois por admitir que foi um dos agentes da polícia que interceptaram a carrinha quem disparou o tiro fatal, que atingiu Mawda na bochecha.

Uma fonte tinha garantido ao mesmo diário que a polícia abriu fogo contra o veículo numa autoestrada de Mons na madrugada de 17 de maio. Mawda viajava com os pais, de origem curda-iraquiana, e o irmão de três anos. Segundo a fonte, a carrinha estava a ser conduzida por alegados traficantes de pessoas que pretendiam levar os refugiados para o Reino Unido.

Depois de abrirem fogo para forçarem o condutor a parar, os agentes de patrulha terão cercado a carrinha, num episódio que demorou 45 minutos. Só depois, ao abrirem as portas do veículo, é que ouviram a mãe de Mawda a gritar por ajuda. Uma ambulância foi chamada para transportar a bebé para o hospital mais próximo, onde o óbito foi declarado.

No dia do incidente, Frédéric Bariseau, porta-voz da procuradoria de Tournai, emitiu um comunicado a desmentir que a criança tivesse sido baleada. "A criança não morreu como resultado do fogo policial." No dia seguinte, acabaria por confirmar que Mawda morreu na sequência da bala que a atingiu na cara, mas escusou-se a confirmar a proveniência dessa bala.

"A autópsia determinou que a causa da morte foi uma bala que atravessou a bochecha dela. Quero tomar precauções antes de declarar que a bala foi disparada pela polícia. Temos de analisar as provas. A polícia já abriu uma investigação interna para determinar as circunstâncias da morte da criança."

No Twitter, o ministro do Interior da Bélgica, Jan Jambon, lamentou o "evento trágico com consequências dramáticas" e anunciou que "uma investigação está em curso".

Reagindo às notícias, a vice-secretária-geral do partido Os Verdes, Zakia Khattabi, denunciou a morte de Mawda como resultado direto das políticas de migração "cada vez mais repressivas" da Bélgica. "Depois da emoção vem a raiva. Exigimos que se dê atenção a este caso e que as responsabilidades políticas sejam assumidas."

O governo federal belga tem estado a ser alvo de duras críticas pela sua postura cada vez mais dura contra os migrantes que procuram asilo e uma vida melhor no país.

No ano passado, o ministro para a Imigração, Theo Francken, tinha sugerido que a Europa deve mandar para trás todos os barcos que transportam migrantes e refugiados pelo Mediterrâneo. Já no início deste ano, voltou a gerar controvérsia com a sua decisão de deportar dezenas de migrantes do Sudão, muitos dos quais acabariam por ser torturados ao chegarem ao seu país-natal.

Comentários
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  • Anónimo
    24 mai, 2018 21:36
    Porque é que não vejo comentários dos defensores da pena de morte para incendiários a pedir a pena de morte para este assassino de bebés?

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