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Sindicato diz que Santa Maria não é o único afetado por falta de enfermeiros

22 mai, 2018 - 13:26

Na opinião da presidente do Sindicato dos Enfermeiros, a situação vai-se agravar com a passagem dos enfermeiros com contrato individual de trabalho a 1 de julho para as 35 horas.

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O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) advertiu esta terça-feira que, além do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, há vários hospitais que poderão vir a encerrar serviços porque o Governo não autoriza a contratação de enfermeiros.

“Temos conhecimento de várias outras instituições que nos transmitiram essa possibilidade, nomeadamente a Unidade Local de Saúde de Matosinhos e o Centro Hospitalar do Porto”, avançou à Renascença a presidente do sindicato, Guadalupe Simões.

Nestas declarações à Renascença, a sindicalista refere ainda que há outras “que têm tentado não avançar para essa possibilidade", uma que "naturalmente se colocará em cima da mesa caso não haja por parte do Governo autorização para contratar profissionais de saúde”.

Neste caso estão incluídos “hospitais do interior, como Cova da Beira e a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, e mesmo hospitais menos periféricos, mas que têm uma dificuldade enormíssima em manter o regular funcionamento dos serviços pela carência de profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros”.

Na opinião de Guadalupe Simões, a situação vai agravar-se com a passagem dos enfermeiros com contrato individual de trabalho para as 35 horas no próximo dia 1 de julho.

"Todas as instituições reportaram para o Ministério da Saúde a necessidade de contratar enfermeiros decorrente dessa situação e hoje quando analisamos o balanço social dos hospital entre outubro de 2017 e abril deste ano (que são os dados disponíveis) na sua maioria todos perderam enfermeiros, têm hoje menos enfermeiros do que em outubro de 2017 e estamos a dois meses da entrada em vigor de uma lei que foi negociada e recebeu o aval do Ministério das Finanças para que se concretizasse e é na situação que estamos hoje de pré-ruptura e que rapidamente vai entrar em rutura", considerou.

Segundo a dirigente do SEP, a situação não se resolve sem a contratação de enfermeiros. "O que é estranho e deveras preocupante é que o governo na negociação da passagem dos enfermeiros para as 35 horas impôs que esta medida entrasse em vigor a 01 de julho contrariamente à nossa exigência precisamente para durante estes primeiros seis meses do ano se fizesse um plano de contratação de enfermeiros em função das necessidades", disse.

Segundo Guadalupe Simões, essas reuniões nunca se concretizaram, tendo estado marcadas várias vezes, mas que foram desmarcadas pelo Governo.

"O que se assiste é a uma série de obstáculos na contratação. Não se contratam enfermeiros de forma efetiva, não há autorização para substituir enfermeiros com ausências prolongadas desde que sejam contratos de trabalho em funções públicas e mesmo nos contratos individuais de trabalho só estão a ser substituídas as enfermeiras com licenças de parentalidade, mesmo estes contratos no que diz respeito às ausências por motivo de doença não estão a ser autorizadas as substituições. É o caos que está instalado", concluiu.

De acordo com a edição desta terça-feira do jornal “Diário de Notícias”, o número de enfermeiros está muito abaixo do necessário e só desde o início do ano mais de cem profissionais abandonaram o Centro Hospitalar Lisboa Norte e nem metade desse número foi contratado para compensar as saídas.

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