18 mai, 2018 - 16:16 • Rosário Silva
Para promover o mais autêntico dos seus produtos gastronómicos, a Câmara de Vendas Novas promove, pela primeira vez, a Feira da Bifana, entre esta sexta-feira e domingo.
“A realização de uma feira dedicada a esta iguaria é a distinção da nossa marca, mas também a assunção do concelho como capital da bifana”, diz à Renascença, Luís Dias, o presidente do município alentejano, que assinala, no domingo, os 25 anos da elevação de Vendas Novas a cidade.
Em 2011, a autarquia registou as bifanas do concelho no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, tornando-as uma marca registada, para valorizar um produto gastronómico genuíno e original, com cerca de meio século de existência.
“As bifanas não estão ainda historiadas”, explica Luís Dias, mas “calcula-se que possam ter começado a ser feitas, numa casa particular, há 50 anos”.
Local de paragem
Como terra de passagem, entre Lisboa e Espanha, Vendas Novas é, ainda hoje, local de paragem obrigatório. Se há décadas o estômago dos viajantes não se compadecia com as distâncias, hoje em dia, com a melhoria das acessibilidades, quem passa pela cidade, fá-lo com o propósito de parar e provar este célebre manjar.
O negócio tem-se expandido e é, atualmente, motor de desenvolvimento da economia local. “Neste momento temos cerca de 12 casas no concelho e todas com sucesso garantido”, refere o autarca, para além, “dos empresários que já levaram as nossas bifanas para fora do concelho”.
Mas há também o reverso da medalha, lamenta: “A história faz-se pela negativa, com a usurpação da marca e com alguns produtos que são servidos, nomeadamente, em centros comerciais e locais de maior afluxo de gente e que, depois, nos tiram este bom nome”.
Nove possibilidades de escolha
A feira que agora se inicia, tem a participação de nove casas de bifanas, pretende dar a conhecer o produto genuíno e ajudar os apreciadores a distinguir o autêntico do falso.
“Qualquer consumidor”, adianta o presidente da autarquia, “para estar defendido na qualidade do que lhe é servido”, deve procurar “o nosso símbolo, a nossa marca”, avisando que se trata de “um boneco, um alentejano de chapéu e lenço ao pescoço que diz, bifanas de Vendas Novas”, sendo muito “fácil de reconhecê-lo”.
O que não se reconhece e muito menos se conhece, é a que fica a dever-se o sabor tão especial. “Há quem diga que não existe segredo nenhum, há quem diga que sim”, atesta Luís Dias, que prefere destacar “a mística que envolve todo esse mistério o que é bom para o negócio”.
Feita com um bife de carne de porco, bem batido e da melhor qualidade, frito num molho, este sim, diz quem sabe, secreto, serve-se dentro de um papo-seco mais ou menos torrado.
É assim que se faz, é assim que se serve e é assim que tem sobrevivido, ano após ano, com perseverança dos empresários e a inovação que caracteriza os novos tempos.
“A grosso modo, e costumo usar um número foi-me dado pelos empresários certificados, devemos estar a servir cerca de um milhão de bifanas por ano”, revela o autarca para justificar o sucesso e a aposta neste produto gastronómico característico do concelho.
A iniciativa coincide com a Feira de Maio, que ocorre anualmente no Parque de Feiras e Mercados da cidade. Para acompanhar, a organização preparou um programa cultural e desportivo que compreende, esta sexta-feira, dia 18, fado, cante alentejano e baile com os talentos da terra. No sábado, sobe ao palco o cantor Mikael Carreira e no domingo, dia 20, durante a manhã também pode participar na 24.ª Corrida da Cidade, assinalando os 25 anos da elevação de Vendas Novas a esta categoria.