Tempo
|
A+ / A-

Patriarca “gostaria que deputados tivessem em conta posição das igrejas” contra a eutanásia

16 mai, 2018 - 17:56 • Ângela Roque

D. Manuel Clemente defende uma maior aposta nos cuidados paliativos e apoios para os familiares dos doentes. Cardeal patriarca de Lisboa falava aos jornalistas na assinatura de um documento conjunto por parte de oito religiões contra a eutanásia.

A+ / A-

O cardeal patriarca de Lisboa saudou a iniciativa do Grupo de Trabalho Inter-religioso para a Saúde (GTIR), que organizou a conferência onde várias religiões assinaram esta quinta-feira uma declaração conjunta contra a legalização da eutanásia. “É feliz esta iniciativa de juntar várias confissões religiosas presentes da sociedade portuguesa para se pronunciarem sobre esta temática”, disse o cardeal patriarca aos jornalistas, sublinhando que “numa sociedade livre, democrática e plural, as religiões têm direito a pronunciarem-se, para que com a sua experiência, a sua tradição de reflexão e de prática, contribuam para as melhores soluções”.

Em declarações à margem da conferência, onde representou a Igreja Católica, D. Manuel Clemente considerou que este é um momento histórico, em que as religiões mostram como estão unidas no essencial, que é a defesa da vida. Uma posição conjunta que espera venha a ser devidamente valoriada por quem tem a responsabilidade de legislar.

“Gostaria que os deputados e os políticos tivessem em conta a posição da Igreja católica e destas confissões religiosas sobre esta matéria, e de outras forças da sociedade que se têm pronunciado, como o comunicado tão claro dos sucessivos bastonários da Ordem dos Médicos, um documento com muita força e muita representação pelas pessoas que o subscreveram. E outras posições, como a do Conselho Nacional de ética para as Ciências da Vida e outras entidades da nossa sociedade”, afirmou o cardeal patriarca.

D. Manuel Clemente também espera que os deputados reconheçam que há outras prioridades a ter em conta, como os cuidados paliativos. “É um trabalho imenso que está pela frente, porque nem em qualidade, nem em quantidade, eles ainda são suficientes para acompanhar todas as situações. Mas temos que ir por aí”.

Para o cardeal patriarca a sociedade tem de se tornar “globalmente paliativa”, o que implica criar mecanismos legais que permitam às famílias cuidar dos seus doentes, e em particular dos que estão em fim de vida. “Como já há todas essas licenças para acompanhar a maternidade e a paternidade, também deve haver para acompanhar as pessoas que estão doentes e precisam de ajuda e proximidade. Porque é basicamente na questão da proximidade que o problema se põe”, afirmou, comentando a denúncia feita durante o encontro relativa à situação de muitas famílias que são obrigadas a recorrer a baixas fraudulentas, porque a lei que já foi criada não foi ainda regulamentada.

A declaração conjunta contra a legalização da eutanásia é da responsabilidade de oito religiões, e foi assinada pelos representantes em Portugal da Aliança Evangélica, da Comunidade Islâmica de Lisboa, da Comunidade Hindu Portuguesa, da Igreja Católica, do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, da União Budista Portuguesa e da União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia. O rabino de Lisboa, que não pode participar, assinará o documento quinta-feira, em nome da Comunidade Israelita.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Augusto
    16 mai, 2018 Lisboa 23:52
    Portugal é um estado LAICO, está escrito na nossa Constituição. O respeito pela liberdade de culto, não implica que os deputados livremente eleitos, se tenham de submeter á opinião das confissões religiosas. Voltamos á velha frase : A César o que é de César , a Deus o que é de Deus.

Destaques V+