Tempo
|
A+ / A-

Tusk sobre Trump. "Com amigos assim, quem precisa de inimigos?"

16 mai, 2018 - 15:45 • Joana Azevedo Viana

Horas antes da cimeira da UE em Sófia, presidente do Conselho Europeu defende que o bloco deve estar preparado para agir sem o apoio dos EUA.

A+ / A-

O Presidente norte-americano, Donald Trump, "acabou com todas as ilusões da Europa" ao abandonar o acordo nuclear com o Irão e ao comprar uma disputa sobre trocas comerciais com alguns dos maiores parceiros dos Estados Unidos da América.

Assim declarou esta quarta-feira Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, sublinhando a atual discórdia transatlântica num discurso de antecipação da próxima cimeira da União Europeia, que vai ter lugar amanhã em Sófia.

Esta noite, os líderes dos 28 Estados-membros da UE vão jantar na capital búlgara para preparar as reuniões formais de quinta-feira. A cimeira será dominada por discussões sobre como salvar o acordo nuclear com o Irão e responder às ameaças de Trump antes que escalem para uma guerra comercial, isto depois de o líder norte-americano ter ameaçado aplicar sanções à UE se continuar a negociar com Teerão e de ter admitido a imposição de novas tarifas sobre as exportações europeias.

Na conferência de imprensa desta tarde, Tusk sublinhou que a UE deve mostrar-se mais unida do que nunca face à "assertividade caprichosa" de Trump e, sem medir palavras, acrescentou: "Olhando para as mais recentes decisões do Presidente Trump, as pessoas devem estar a pensar: com amigos assim, quem é que precisa de inimigos? Falando muito francamente, a Europa deve estar agradecida ao Presidente Trump. Graças a ele, livrámo-nos de todas as ilusões. Ele fez-nos perceber que, se precisamos de uma mão amiga, vamos encontrá-la no nosso próprio braço."

Foi desta forma que o antigo primeiro-ministro polaco, que preside à UE desde 2014, ecoou as preocupações dos líderes europeus face às consequências práticas da retórica "América primeiro" de Trump, a par das suas declarações inconsistentes sobre a NATO e a União Europeia.

Antes de decidir rasgar o acordo com o Irão, assinado em 2015 para conter as aspirações nucleares do regime dos aiatolas, Trump já tinha gerado preocupações entre os parceiros transatlânticos ao abandonar o Acordo do Clima de Paris. As decisões juntam-se a outras ameaças e ações, nomeadamente a decisão de mudar a embaixada dos EUA em Israel de Telavive para Jerusalém, que põem em causa a agenda e interesses externos do bloco europeu.

Por esse motivo, Tusk diz que a UE deve estar preparada para agir sem esperar o apoio do seu tradicional aliado. "A Europa deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para proteger as relações transatlânticas, apesar do atual estado de espírito. Ainda assim, devemos ao mesmo tempo estar preparados para enfrentar estes cenários, em que teremos de agir por nossa conta."

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+