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Macron diz que Europa deve "decidir por si própria"

10 mai, 2018 - 15:51

Presidente francês quer aposta numa política europeia de segurança comum, também face à decisão de Donald Trump abandonar o acordo nuclear com o Irão.

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu esta quinta-feira um "forte multilateralismo" internacional e advogou que a Europa possa "decidir por si própria" com uma política de segurança comum em questões de política externa.

"Estamos perante grandes ameaças e não podemos deixar que outros decidam por nós", afirmou na cerimónia em que recebeu o Prémio Europeu Carlos Magno, ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, em Aachen, na Alemanha.

Numa referência velada aos Estados Unidos da América, dias depois de Donald Trump ter decidido abandonar o acordo nuclear com o Irão, Macron sublinhou que, "se nós [europeus] aceitarmos que outras grandes potências, incluindo aliados e amigos, nas horas mais difíceis da nossa História, se coloquem em posição de decidir por nós a nossa diplomacia, a nossa segurança, às vezes fazendo com que corramos os piores riscos, então deixaremos de ser soberanos".

A isto, o Presidente francês acrescentou: "Nós fizemos a escolha de construir a paz e a estabilidade no Médio Oriente e no Oriente Próximo. Outras potências, tão soberanas quanto nós, decidiram não respeitar a sua própria palavra. Devemos renunciar por isso às nossas próprias escolhas?"

Emmanuel Macron nunca referiu o nome do Presidente norte-americano, com quem exibiu uma grande proximidade pessoal numa recente deslocação a Washington. Nessa visita aos EUA, o chefe de Estado francês tentou convencer o homólogo a manter-se no chamado Plano de Ação Conjunto para manter sob controlo os programas de enriquecimento de urânio do Irão, em troca do levantamento de sanções até então aplicadas ao país.

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Donald Trump anunciou na terça-feira passada a saída desse acordo nuclear, assinado em 2015 pelo chamado P5+1, ou seja, pelos cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia - mais a Alemanha. Sob esse pacto, Teerão concordou reduzir o seu programa nuclear.

A administração norte-americana escolheu a opção mais radical, restaurando todas as sanções que haviam sido levantadas, numa decisão que também força empresas estrangeiras, incluindo as europeias, a optar entre fazer negócios com o Irão ou com os norte-americanos.

Em defesa do que chamou "soberania europeia", Macron considerou que, face à demissão do papel de mediação internacional por parte do governo federal dos EUA, a Europa tem a oportunidade de se tornar "uma potência geopolítica, comercial, climática, económica, alimentar e diplomática".

Esta declaração faz referência a outras polémicas decisões que Trump tomou desde que assumiu a presidência dos EUA, entre elas a de abandonar o Acordo do Clima de Paris, ratificado por quase todos os países do mundo para um combate conjunto às alterações climáticas e ao aquecimento global.

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