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Moura Guedes. Pinto Monteiro deve ser investigado por "abafar inquéritos" a Sócrates

10 mai, 2018 - 06:31

Jornalista acusou o antigo primeiro-ministro de "controlar a Justiça" e solicitou uma investigação ao Ministério Público.

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A jornalista Manuela Moura Guedes apelou ao Ministério Público para que abra um inquérito ao comportamento do ex-Procurador-Geral da República Pinto Monteiro por este ter alegadamente "abafado investigações" ao antigo primeiro-ministro José Sócrates.

Em entrevista, na quarta-feira, à Edição da Noite da SIC Notícias, acusou Pinto Monteiro e Cândida Almeida de "terem feito tudo para abafar" os casos que envolviam o antigo primeiro-ministro, que acusou de "controlar a Justiça" e solicitou uma investigação ao Ministério Público.

"José Sócrates conseguiu controlar a Justiça. O Procurador-Geral da República é indicado pelo primeiro-ministro e nomeado pelo Presidente da República. Indicou Pinto Monteiro que tudo fez para abafar os casos complicados de José Sócrates, ele e Cândida Almeida, que estava no DCIAP, com a ajuda de quem estava a investigar em Setúbal o caso Freeport, a inspetora Alice", disse Manuela Moura Guedes.

Manuela Moura Guedes disse que "estava o esquema todo montado na Justiça", salientando que existiam "demasiados casos e demasiados indícios de aldrabices" relacionados com Sócrates e que "o regime esteve em perigo" com o controlo exercido pelo então primeiro-ministro.

"Os Procuradores-gerais devem ser o garante da legalidade e devem ser os mais escrutinados", afirmou.

Manuela Moura Guedes disse ainda "ter medo" que estivessem a "querer colocar os patins" em Joana Marques Vidal, a atual Procuradora-Geral da República, que, na opinião da jornalista, "tem provado que as coisas com ela são completamente diferentes".

A jornalista, que ao serviço da TVI investigou vários casos relacionados com José Sócrates, referiu-se ao "amigo [Armando] Vara" e a Ricardo Salgado, ao BCP, à Caixa Geral de Depósitos (CGD) e à comunicação social, defendendo que "tudo o que não era controlado era abafado".

Sócrates tinha "o controlo da Justiça, do sistema financeiro, com o amigo Vara no BCP e CGD, e no meio empresarial com a PT e Ricardo Salgado, com a comunicação social. O que não estava controlado [por Sócrates] era abafado", declarou, referindo ser "assustador haver o controlo de tudo e ninguém ter feito nada".

Caso de Manuel Pinho “serviu de fósforo”

Esta entrevista surgiu numa altura em que foram denunciados crimes alegadamente cometidos pelo antigo ministro da Economia e Inovação Manuel Pinho (2005-09), no Governo de José Sócrates, que ficou incomodado por dirigentes socialistas o terem também criticado por ter sido acusado de vários crimes na 'Operação Marquês', levando a que o ex-primeiro-ministro se desvinculasse do partido.

Na opinião de Manuela Moura Guedes, o caso de Manuel Pinho "serviu de fósforo que ateia a coisa" e o PS teve "provavelmente medo que a coisa rebentasse até às eleições".

O Jornal Nacional da TVI, às sextas-feiras, foi suspenso em 2009 por decisão da administração da estação televisiva, após uma longa polémica relacionada com investigações em torno do então primeiro-ministro José Sócrates.

O jornal de sexta-feira, que tinha Manuela Moura Guedes como pivô, dava, entre outras notícias, especial ênfase às investigações relacionadas com José Sócrates, nos casos da licenciatura, da Cova da Beira e Freeport, entre outros, o que desencadeou forte polémica com o antigo chefe do Governo, que alegadamente pressionou a administração da TVI para acabar com aquele espaço de informação, sendo conhecidos mais tardes pormenores de conversas do governante para tentar vender a estação de televisão.

Comentários
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  • João Lopes
    16 mai, 2019 14:36
    Continua atual uma frase de Agostinho de Hipona (354-430): «Um Estado que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a um grande bando de ladrões».
  • MASQUEGRACINHA
    10 mai, 2018 TERRADOMEIO 16:39
    Num dos comentários abaixo, diz-se que se desce ao nível da sub-cave para ter notícia. Com todo o respeito que me merece essa opinião, é-me cada vez mais difícil entender como é que as pessoas, apesar de tudo o que se tem sabido, continuam a não querer ver que são os factos que estão na sub-cave (uma sub-cave labiríntica, atulhada de obstáculos e sem luz) - e que é portanto aí, à sub-cave, que a comunicação social tem que descer? E também a Justiça, já agora. E, por muito que nos custe, todos nós. Nunca apreciei o estilo de Moura Guedes, confesso. Mas quem poderá não achar que, afinal, foi ela quem teve sempre razão, e que pagou o seu preço por isso? Não sei se a TVI teria o desplante de a convidar, é possível; mas acho muito duvidoso que Moura Guedes não lhes respondesse com o dedo do meio. Sócrates parece ter aquele bizarro magnetismo de alguns serial-killers e fauna quejanda, que recebem na cadeia cartas de fervorosas admiradoras (e admiradores). Por mim, para quem ser ou não ser do PS não interessa nada para o caso, só me interessa o que alguém acima de qualquer suspeita disse: "Só a verdade liberta". Portugal, e os portugueses, precisam de mudar de rumo e de mentalidade: países há (sempre os nórdicos, pois claro) que facilmente nos podem servir de exemplo, na teoria e na prática. Tanto haja vontade política para isso - do PS, porque não?, já que está com a mão na massa. E nada como uma boa limpeza (total é impossível...) nas sub-caves para começar.
  • 10 mai, 2018 aldeia 11:12
    Acho bem que se investigue.Esta "nossa" democracia é muito "permissiva".
  • maria
    10 mai, 2018 08:03
    Nem sequer sou do PS, mas temos a PIOR comunicação social, sempre que se aproxima um congresso partidário, invadem jornais e tv's de explosivas notícias pondo tudo em causa. Até a MMGuedes, serve para darem aso à mediocridade. A SIC esteve mal, muito mal, nem a TVI a quis ou foi buscar. Neste país em vez de se melhorar a democracia, desce-se ao nível da subcave para ter notícia.
  • Ontem, já era tarde
    10 mai, 2018 Lisboa 07:13
    Que o MP deva ser investigado por esta e por muitas outras não oferece dúvidas. Eu não acredito no MP e tenho razões pessoais para não acreditar. Razões, mais que uma.

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