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Estados Unidos vão abandonar acordo nuclear do Irão

08 mai, 2018 - 17:10

Trump confirmou a sua decisão num telefonema com o Presidente francês, Emmanuel Macron. Reposição das sanções contra Teerão promete agravar relações com aliados europeus.

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Apesar de o anúncio formal estar marcado apenas para as 19h desta terça-feira (hora de Lisboa), o Presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, já terá dito ao seu congénere francês que pretende abandonar o acordo internacional sobre o programa nuclear do Irão.

A informação está a ser avançada pelo diário "New York Times", com base em fontes oficiais que foram informadas sobre a conversa entre Emmanuel Macron e Donald Trump, que decorreu esta manhã. Horas depois de o artigo ter sido publicado, o chefe de Estado francês desmentiu ter sido informado desta decisão.

No imediato, o abandono do acordo significa que os Estados Unidos vão voltar a aplicar sanções ao Irão, as mesmas que tinham sido suspensas em 2015 ao abrigo do acordo. Na altura, este acordo foi apresentado como uma das grandes conquistas da política externa da administração de Barack Obama.

A decisão, que Trump irá confirmar esta tarde, deverá reforçar o clima de tensão entre a administração norte-americana e os seus tradicionais aliados europeus. Tanto Macron como Angela Merkel estiveram recentemente em Washington e, nas suas agendas, levavam a missão de convencer o Presidente americano sobre a necessidade de permanecer no acordo. O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pressionou Trump nesse sentido.

Os adversários históricos da América, como a Rússia e a China, igualmente signatários do acordo, também não devem receber bem a notícia, o que poderá deixar os EUA ainda mais isolados no palco internacional no que diz respeito às relações com o Irão.

Quem certamente vai agradecer a Donald Trump é Israel, cujo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fez recentemente uma apresentação televisiva, em inglês, para chamar a atenção para a continuidade do programa de construção de uma arma nuclear por parte do Irão.

O acordo de 2015 estipulava que o Irão deixaria de tentar obter armas nucleares, perseguindo o seu programa apenas para fins energéticos de consumo doméstico. Os céticos do acordo argumentam que, ao abrigo deste, o regime iraniano tem continuado o seu programa militar em segredo. A Agência de Energia Atómica, contudo, garante que o Irão não está a fazê-lo.

A decisão pré-anunciada marca igualmente, como referia esta tarde a CNN, uma tomada de posição "ilógica" da parte de Trump no que toca à estratégia norte-americana de não-proliferação. Isto porque está, em simultâneo, a anular um acordo com um dos grandes inimigos do país enquanto tenta negociar um tratado nuclear com outro rival de longa data, a Coreia do Norte.

[Artigo atualizado às 18h10]

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