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Desinteresse é principal entrave à educação dos adultos em Portugal

04 mai, 2018 - 15:46 • João Cunha

A OCDE diz que já passou o tempo em que se aprendia algo para o resto da vida. Agora, aprender é o trabalho. Governo lamenta fim abrupto do programa Novas Oportunidades.

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O desinteresse dos cidadãos é um dos principais entraves à educação de adultos em Portugal.

Há que incentivá-los, melhorar a educação de adultos e criar novas formas de financiar essa formação de forma a fomentar o crescimento e a coesão social, conclui a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, (OCDE).

A formação e competências dos jovens, nas ultimas décadas, compensaram, mas os adultos ficaram para trás. Desde o ano de 2000, mais de metade dos alunos entre os 25 e os 64 anos não concluíram o secundário. Daí a urgência em aumentar a formação e as competências destes portugueses, diz a mesma organização.

Numa apresentação esta sexta-feira, em Lisboa, Andreas Schleicher, diretor de Educação e Competências da OCDE, resume as recomendações feitas no documento apresentado esta manhã. “A primeira recomendação é criar a consciência entre as pessoas. Não podemos preparar-nos uma vez para toda a vida. Antes, aprendíamos a fazer o trabalho, agora, aprender é o trabalho. E é esta questão que não está ainda suficientemente enraizada em Portugal.”

“Em segundo lugar, é preciso encontrar o financiamento para isso. De momento, Portugal depende dos investimentos da União Europeia, mas tem de fazer parte da cultura e do sistema”, diz ainda.

“E a terceira parte prende-se com a garantia de qualidade da formação. Portugal teve há uma década um excelente começo, com o programa Novas Oportunidades, que foi impressionante. Mas é importante acrescer o elemento de qualidade, para garantir que a formação que as pessoas recebem lhes dá melhores empregos e mais qualidade de vida”, conclui.

Já Vieira da Silva, ministro do Trabalho, diz que as raízes do problema são profundas, mas lamenta a interrupção abrupta do programa Novas Oportunidades, em que um milhão e meio de portugueses recebeu competências que abriram as portas do mercado de emprego. O ministro preferia que o programa fosse corrigido. “Levou à perda de alguns anos de esforço de mobilização nacional significativa. A interrupção abrupta e sem continuidade em alternativas daquele programa foi um dano sério”, diz.

“Mas volto a dizer que os nossos problemas são mais longínquos, tem raízes mais profundas, mas estamos a trabalhar. Do ponto de vista das novas gerações Portugal está com indicadores que comparam muito bem em termos internacionais e julgo que volta a existir um clima muito favorável ao desenvolvimento de estratégias de requalificação das pessoas”, conclui.

O Novas Oportunidades foi um programa interrompido pelo governo de Passos Coelho. O Guia da Implementação para a Estratégia de Competências arranca agora a sua fase de ação, mas não se corre o risco de também este guia ser interrompido, com uma possível mudança de Governo?

Poder pode, diz Tiago Brandão Rodrigues, o Ministro da Educação, mas não deve.

“O que temos de criar é uma base sólida que vá para além da legislatura e um entendimento de que a qualificação dos nossos adultos, e a aquisição de novas competências, são fundamentais para a nossa coesão territorial, para a coesão social e para a nossa competitividade económica e, a partir desse momento, não haver nenhuma dúvida que não pode haver nenhuma interrupção na qualificação das nossas populações adultas”, diz.

O ministro da Educação destaca ainda que o atual Programa Qualifica pretende recuperar o fio ao que o programa Novas Oportunidades deixou por fazer, dando um novo ritmo à educação de adultos.

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  • Marco Almeida
    04 mai, 2018 Olhão 19:40
    O desinteresse dos cidadãos é um dos principais entraves à educação de adultos em Portugal. Errado, o desinteresse acontece porque quer tenha o 9° ou 12° ou licenciatura o salário não passa do mesmo, entenderam ou querem um desenho a 3 dimensões e a cores

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