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Vítimas de abuso de padre chileno recebidas pelo Papa

03 mai, 2018 - 12:37

Juan Carlos Cruz, James Hamilton e José Andrés Murillo encontraram-se em separado com Francisco, a quem pediram que tome medidas. Bispos do Chile serão recebidos no Vaticano ainda este mês.

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Três das vítimas de abusos do padre chileno Fernando Karadima foram recebidas pelo Papa, a quem pediram que transforme o seu pedido de perdão em "ações exemplares". Juan Carlos Cruz, James Hamilton e José Andrés Murillo sofreram abusos quando eram crianças. Num comunicado conjunto que divulgaram depois do encontro sublinham que Francisco foi "muito atencioso e compreensivo", mas que apesar de ter pedido perdão "em seu próprio nome e em nome da Igreja universal", lhe disseram que agora é preciso agir, caso contrário “tudo será uma letra morta".

"Falámos de uma forma respeitosa e franca com o Papa. Abordámos questões difíceis, como o abuso sexual, o abuso de poder e especialmente o encobrimento por parte dos bispos chilenos", indicam na mesma nota, sublinhando que estes casos são uma epidemia que “já destruiu milhares de vidas de crianças e jovens".
A forma como os casos foram sendo encobertos foi considerada particularmente grave, tendo em conta que "a Igreja tem o dever de se tornar aliado e guiar o mundo na luta contra o abuso e abrigo para as vítimas". Cruz, Hamilton e Murillo relataram ao Papa como, durante os últimos dez anos, foram tratados "como inimigos", precisamente por denunciarem os abusos e o “pacto de silêncio” de parte da alta hierarquia da Igreja católica chilena.
Depois deste encontro com as vítimas, o Papa tem já uma reunião marcada com os bispos chilenos, que devem apresentar um plano de renovação da Igreja no Chile, que poderá implicar expulsões. O encontro foi convocado no início de abril, e deverá realizar-se na terceira semana de Maio.
O padre chileno Fernando Karadima foi condenado em 2011 pela justiça canónica a uma vida de reclusão e penitência. Mas, em 2015 o Papa Francisco nomeou bispo Juan Barros, acusado de ter encoberto esses abusos. A escolha causou desde sempre polémica, mas a indignação aumentou quando durante a recente visita oficial que efetuou ao Chile (de 15 a 18 de janeiro), Francisco defendeu publicamente Juan Barros, o que levou várias vítimas do padre Karadima a exigir um pedido de desculpas.
O Papa ordenou, então, uma investigação, e o arcebispo maltês Charles J. Scicluna foi ao Chile recolher depoimentos das alegadas vítimas de abusos. Depois de ler o relatório, que inclui 64 testemunhos, o Papa admitiu, já em abril, ter cometido “erros graves” na avaliação do escândalo de abusos sexuais no Chile, por não ter recebido "informação verdadeira e equilibrada”. Convidou, então, as vítimas que tinha desacreditado a irem a Roma para lhes pedir perdão, e pediu "a colaboração e a assistência" do clero chileno "no discernimento das medidas” que, a curto, médio e longo prazo, devem ser adotadas.
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