02 mai, 2018 - 15:43
O canal televisivo FOXlife e o dicionário online Priberam desafiaram esta quarta-feira os portugueses a alterar a definição da palavra "mulher" no dicionário.
Os autores da iniciativa, intitulada "A palavra mulher definida por nós", consideram que, apesar de o papel da evolução do papel da mulher na sociedade, o seu significado ainda não reflete essa mudança nos dicionários.
Continua a ser "demasiado redutor, simplista e até associado a expressões e palavras de cariz depreciativo", defendem.
No Priberam, a palavra “mulher” encontra-se definida como "pessoa adulta do sexo feminino; cônjuge ou pessoa do sexo feminino com quem se mantém uma relação sentimental e/ou sexual; pejorativo: mulher pública; meretriz".
O desafio agora lançado decorre até 16 de maio na internet, no site www.palavramulher.pt. Todos podem contribuir e todos os contributos serão partilhados.
No final, os linguistas da Priberam irão analisar as propostas para a revisão da palavra, que ficará disponível a 22 de maio.
As cantoras Simone de Oliveira e Gisela João, o estilista Luís Buchinho, a atleta Vanessa Fernandes, a cientista Raquel Oliveira e o 'chef' José Avillez foram as personalidades convidadas a dar o seu testemunho sobre o papel da mulher na sociedade e a definição da palavra em 2018.
E “homem”?
Cláudia Pinto, linguista da Priberam, admite à agência Lusa que a palavra "homem" também pode conter, atualmente, um significado redutor e que poderá vir a ser revista.
Contudo, "para já, a iniciativa está destinada à palavra 'mulher'".
Segundo o dicionário Priberam, “homem” é "[Biologia] mamífero primata, bípede, com capacidade de fala, e que constitui o género humano"; "Indivíduo masculino do género humano depois da adolescência"; "[Figurado] Humanidade, género humano"; "Pessoa do sexo masculino casada com outra pessoa, em relação a esta", "Pessoa do sexo masculino com quem se mantém uma relação sentimental e/ou sexual" e "Conjunto das pessoas do sexo masculino".
Na opinião de Cláudia Pinto, apesar de um dicionário não poder filtrar a realidade à medida de quem o faz ou de quem o lê, branqueando usos preconceituosos ou pejorativos de determinadas palavras, sejam eles de género, raça, orientação sexual ou de qualquer outro tipo, pode e deve ser o mais neutro, abrangente e inclusivo possível.
Luís Fernambuco, gestor da FOXlife em Portugal, defende a importância da iniciativa para que "a definição de mulher não se baseie apenas em lugares-comuns ou em ideias feitas."