23 abr, 2018 - 14:33
Quase todos os portugueses inquiridos por Bruxelas dizem o mesmo: Portugal é um país de desigualdades. Os dados do Eurobarómetro sobre "Justiça, desigualdades e mobilidade intergeracional" foi divulgado esta segunda-feira pela Comissão Europeia e aponta que 96% dos portugueses inquiridos considera que "há diferenças demasiado grandes nos rendimentos auferidos".
Cerca de 28 mil pessoas responderam ao inquérito da União Europeia, realizado em dezembro do ano passado. Em Portugal foram inquiridas 1.089 pessoas, das quais 94% defendem que o Governo "deve tomar medidas para reduzir as diferenças nos níveis de rendimentos".
A seguir aos portugueses são os alemães e os lituanos que mais se queixam da disparidade salarial (ambos com 92%). A média europeia da percepção das desigualdades é de 84%.
Os holandeses (59%), os dinamarqueses (63%) e os suecos (69%) são os europeus que menos se queixam das diferenças de rendimentos.
Portugueses consideram-se mais pobres e com menos possibilidades de subir na vida
Questionados sobre a posição que ocupam na escala social, os portugueses são os europeus que consideram que ocupam o lugar mais baixo. Os portugueses responderam, em média, 4,7 numa escala de 1 a 10. A média europeia está nos 5,5 e os países com maiores valores são a Holanda (6,8) e Suécia (6,4).
Por outro lado, os portugueses também são dos europeus que mais valorizam os contactos como mais-valia para melhorar a sua posição na escala social. Para 98% dos portugueses inquiridos conhecer as "pessoas certas" é considerado "importante" ou "essencial".
No fim desta escala surge a Dinamarca, o país onde um quinto dos inquiridos consideram que os contactos e as amizades "não têm assim tanta importância".
Boas famílias ainda pesam
As origens familiares ainda são consideradas importantes para o sucesso na vida futura. Entre os 28 países europeus, Portugal está em sexto lugar dos inquiridos que valorizam a riqueza da família - 77% defende que é um factor "importante" e/ou "essencial".
Aliada à família surge o factor "sorte", um requisito considerado "essencial" para 96% dos portugueses para se ter sucesso. Apenas os búlgaros e eslovacos (ambos com 97%) confiam mais na sorte que os portugueses.
Imigração vista como positiva em cinco países
Metade dos portugueses inquiridos considera que a imigração é positiva, a par com mais quatro países da União Europeia. Os suecos (69%), os irlandeses (68%), os luxemburgueses (63%) e os britânicos (56%) são os que mais defendem os imigrantes beneficiam os seus países.
De frisar que o inquérito foi realizado em dezembro de 2017, já depois de o Reino Unido ter decidido abandonar a União Europeia na sequência do Brexit - onde a imigração foi dos principais argumentos dos defendores da saída.