19 abr, 2018 - 12:42
O presidente do PSD, Rui Rio, diz concordar, em princípio, com a pretensão do Governo de pôr fim aos cortes salariais de 5% nos gabinetes dos políticos, mas o líder parlamentar, Fernando Negrão, está contra essa possibilidade.
“Se a política do Governo for acabar com todos os cortes, não tenho nada a opor a que se acabem com todos os cortes mesmo", disse Rui Rio na sede do PSD, em Lisboa, no final de uma reunião com a Ordem dos Enfermeiros, integrada numa série dedicada pelo líder social-democrata aos problemas da saúde.
Esta não é, no entanto, a posição do líder parlamentar, que diz "ver com preocupação" este fim do corte salarial nos gabinetes dos políticos.
"A despesa pública deve ser aquela que está controlada e o primeiro a dar o exemplo deve ser o Governo. Discordamos profundamente desta medida", defendeu Fernando Negrão, para quem "o Governo funcionou com estes cortes de 5% nos últimos anos" e, por isso, pode "continuar a funcionar".
Questionado se a sua posição era concertada com a direção do partido, Negrão respondeu que isso "é uma questão interna que só lhe diz respeito" e, confrontado com a posição de Rui Rio, o líder parlamentar do PSD respondeu que "pensa de forma diferente".
O jornal "Público" noticia, esta quinta-feira, que o Governo fez um decreto preliminar que estabelece que “a redução de vencimento prevista na Lei 47/2010, de 7 de setembro, na sua redação atual, é progressivamente eliminada” até 2019.
Segundo o jornal, a partir de janeiro, os funcionários dos gabinetes dos membros do Governo (incluindo os governos regionais), de apoio pessoal dos presidentes e dos vereadores das câmaras municipais, presidente da Assembleia da República, do primeiro-ministro e do secretário-geral do Parlamento vão reaver 5% do seu salário que tinha sido cortado em 2010.
Rio disse não ter sido informado previamente pelo Governo sobre esta pretensão.
"Decisão imoral e irresponsável", diz o CDS
Também o CDS se mostrou contra a decisão do Governo, classificando-a de "imoral e irresponsável".
"Os portugueses não conseguem compreender que, de um lado, o Governo corte nas cativações que faz e corte no serviço público que presta e que, ao mesmo tempo, o único corte que se lembre de fazer como sendo profundamente fundamental é repor os salários do staff político", argumenta Nuno Melo, que lembrou o recente caso da ala pediátrica do São João e as reivindicações dos polícias e auxiliares escolares para classificar a decisão do governo como "contraditória".