Tempo
|
A+ / A-

"Elas estiveram lá" recorda o papel de mulheres na resistência à ditadura

18 abr, 2018 - 07:12

Peça não parte de testemunhos de personalidades conhecidas da história, mas antes de mulheres anónimas, originárias de várias zonas do país, todas com vivências diferentes.

A+ / A-

Testemunhos de resistência, do quotidiano de mulheres portuguesas, estão na base da peça "Elas estiveram lá" que até sábado atravessa a avenida da Liberdade, até ao Cinema S. Jorge, em Lisboa, numa produção do Teatro do Vestido.

"'Elas estiveram lá - quotidianos de resistência e de revolução de mulheres' incide sobre a presença feminina e a sua invisibilidade em determinados registos da história, uma vez que a história é contada por homens, e estes deixam sempre as mulheres na sombra", explicou à agência Lusa Joana Craveiro, autora do texto e responsável pela direção da obra.

A peça acaba por ser uma "reflexão sobre a condição feminina, face ao processo histórico e ao processo de repressão, daí que seja um espetáculo que começa na rua e termina numa sala", disse Joana Craveiro à Lusa, acrescentando que, assim, "acaba por ser também uma peça que aborda o processo de libertação feminina".

Não parte de testemunhos de personalidades conhecidas da história, antes de mulheres anónimas que Joana Craveiro foi conhecendo ao longo dos tempos - umas, ativistas políticas, outras, nem tanto -, e que são originárias de várias zonas do país, todas com vivências diferentes.

"A peça parte de uma pesquisa alargada que o Teatro do Vestido tem vindo a fazer, ao longo de cinco anos, a partir da recolha de testemunhos de mulheres anónimas, de mulheres que viveram a ditadura e o processo revolucionário, de mulheres que fomos encontrando ao longo do processo de construção" da obra, acrescentou Joana Craveiro.

Os "quotidianos de resistência" são evocados num percurso dramatizado, entre a avenida da Liberdade e o Cinema São Jorge, através da vivência de mulheres, durante a ditadura do Estado Novo, o dia 25 de Abril de 1974 e o processo revolucionário que se lhe seguiu.

O "percurso começa na Avenida da Liberdade, entra por uma porta, sobe um lance de escadas, e desemboca numa antiga sala de visionamento da censura", escreve o Teatro do Vestido, na apresentação da obra.

Construída para um espaço emblemático - o Cinema São Jorge, onde existia uma sala de visionamento da censura - e para a zona exterior circundante, a Avenida da Liberdade, esta criação do Teatro do Vestido está "profundamente ancorada nas memórias da própria cidade, resgatando a pequena história que nos constitui", lê-se na apresentação da obra.

As representações têm início às 21h00, no sábado, às 19h00. Os bilhetes são levantados no próprio dia do espetáculo, na bilheteira do Cinema São Jorge, a partir das 13h00.

A companhia recomenda "o uso de roupa e calçado confortáveis".

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+