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Luís Braga da Cruz. É preciso uma política integrada para recuperar o interior

06 abr, 2018 - 23:20 • Teresa Paula Costa

A conferência foi promovida em Mação pelo Movimento Pelo Interior.

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O antigo ministro da Economia Luís Braga da Cruz defende a necessidade de se voltar a uma política integrada de base territorial para se recuperar o interior do país.

Numa conferência promovida em Mação, pelo Movimento Pelo Interior, o agora presidente da Associação Florestal de Portugal reconheceu a necessidade de se respeitar as especificidades e de se criarem medidas adaptadas ao interior do país. Para Luís Braga da Cruz “quando há territórios com problemas muito particulares, vale a pena juntar pensamento, reflexão e capacidade de decisão focada nas questões específicas do território e colocar os recursos financeiros necessários para que os problemas se resolvam porque diagnosticar os problemas e não ter soluções para eles é a pior coisa que se pode fazer.”

Luís Braga da Cruz falava à Renascença à margem da Conferência onde o autarca de Mação, Vasco Estrela, apresentou várias propostas para apoiar a região. Para o autarca “tem de haver aqui um irc, senão zero, muito perto disso.” Por outro lado, “os cidadãos que aqui decidam viver, nomeadamente aqueles que tenham filhos, devem ter um irs diferenciado em relação aos cidadãos que vivem no litoral.” “O mesmo se passa,” focou Vasco Estrela, “em termos do imi que deverá ser revisto em função do local onde estão a residir, sendo que os cuidados de saúde, sobretudo, as taxas moderadoras deverão também ter aqui uma diferenciação em relação aos municípios do litoral.”

Já a presidente da Associação Empresarial da Região de Santarém pediu um conjunto de incentivos fiscais à fixação de empresas. Depois de intervir no painel, Salomé Rafael considerou, em declarações à Renascença que “ninguém vem para o interior onde se tem muitos mais custos de contexto do que se estiver no litoral, à beira do aeroporto ou dos ministérios.” Nesse sentido, “devem existir reduções fiscais significativas”, ou seja, “uma redução de irc de 10 ou 12%”.

Frisando que “os técnicos só virão trabalhar para o interior se tiverem incentivos”, a presidente da Nersant admitiu que “temos uma beleza paisagística muito mais importante, mais qualidade de vida e menos stress, mas tem de haver qualquer coisa que atraia as pessoas e isso consegue-se através das reduções fiscais significativas.” Também “as universidades e os Politécnicos têm de fazer investigação para as empresas e não para ficarem em gabinetes.”

Presente na conferência, o fundador do Movimento revelou que está a colher os contributos da sociedade civil e dos autarcas para elaborar a lista de propostas que será apresentada publicamente na segunda quinzena de maio. Álvaro Amaro disse à Renascença que, “para fazermos um trabalho sério, para além das personalidades que nos têm ajudado a refletir sobre os eixos que consideramos prioritários de política fiscal, política educativa e política de ocupação do território, pode haver sempre outras considerações que se revelem muito importantes e é por isso que adotámos esta lógica de ouvir o país.” “Uma causa nacional”, frisou o autarca da Guarda e que é sinal de que “as políticas públicas falharam.” Reconhecendo que “não há soluções mágicas”, Álvaro Amaro salienta que o que se espera é que “as medidas que vamos propor, em doze anos, três legislaturas, possam ter resultados muito claros, nomeadamente, passarmos a ter mais emprego e mais pessoas nestes territórios, caso contrário, eles estão condenados”. São medidas que “obrigam a alguma diminuição da receita pública ou a algum aumento da despesa pública,” admite o autarca, mas que são “estados de necessidade.”

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