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“Afinal, o que é a Universidade?”

06 abr, 2018 - 07:15 • Ângela Roque

A pergunta dá título à conferência que o Núcleo de Estudantes Católicos da Faculdade de Letras de Lisboa está a organizar para dia 12 de abril. Respondem Miguel Tamen, António Feijó e Henrique Leitão.

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Desde que foi criado, há cerca de um ano, o Núcleo de Estudantes Católicos (NEC) da Faculdade de Letras de Lisboa (FLL) já organizou duas conferências. A primeira decorreu em novembro e foi sobre ‘A Igreja na Idade Média’. “É um tema incontornável para a construção da Europa e para o entendimento da nossa cultura ocidental, e correu muito bem, com a participação de vários professores”, diz à Renascença Beatriz Lisboa, da organização. Contudo, para a próxima conferência foi escolhido um tema mais abrangente.

“Vai ser sobre ‘Afinal, o que é a Universidade?', porque alguns de nós já tínhamos lido o livro 'A Universidade como deve ser', dos professores Miguel Tamen, que é o diretor da Faculdade de Letras, e de António Feijó, vice-reitor da Universidade de Lisboa, e também ouvimos o professor Henrique Leitão, da Faculdade de Ciências, falar sobre esta questão, por isso achámos que seria o tema ideal.” A conferência está marcada para dia 12, e terá estes três responsáveis como oradores.

O objectivo da iniciativa é “chegar ao maior número de universitários possível”, não esquecendo quem ainda está no secundário. “Essa também foi uma das motivações para promovermos esta conferência, porque muitas vezes chega-se à universidade com uma ideia ainda muito colada àquilo que é o ensino secundário", conta Beatriz Lisboa. "Portanto, pretendemos chegar também a esses estudantes, e parte da divulgação que temos feito passou por falarmos com as antigas escolas onde nós andámos, para trazerem os alunos, e eventualmente também os professores.”

Ao organizar a iniciativa, o NEC pretende mostrar que, por serem católicos, não se preocupam só com as questões ligadas à fé. “Estes também são assuntos que nos preocupam e que vêm no seguimento daquilo que nós, enquanto Núcleo de Estudantes Católicos, sentimos que é a nossa missão na universidade. Claro que como grupo mantemos aquilo que é essencial para a nossa fé, temos momentos de oração, missas mensais, mas queremos ir mais longe, sobretudo pelo contexto em que estamos, na Faculdade de Letras”, sublinha.

A conferência de dia 12 terá entrada livre, mas quem quiser fazer perguntas deve enviar as suas questões previamente por email (necflul@gmail.com) até 10 de abril. “Esta inscrição serve para duas coisas, para termos ideia de quantas pessoas é que vamos receber e para dar oportunidade a que o público faça perguntas”, explica a responsável pela organização. As respostas serão dadas pelos oradores na conferência que está marcada para as 18h15, no anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Assumir ter fé na faculdade: “Às vezes o ambiente é um bocadinho hostil”

Como tem acontecido em muitas outras faculdades, o Núcleo de Estudantes Católicos (NEC) da FLL nasceu depois de alguns alunos terem participado na Missão País (MP), neste caso em 2017. “Depois de se participar na MP, permanece uma vontade grande de nos continuarmos a reunir. Se pensarmos que cada grupo de missão tem à volta de 50 universitários por faculdade, sem contar com os que não participam por não terem vaga, percebe-se a necessidade que há de nos organizarmos. Os núcleos servem para dar continuidade à missão na universidade”, afirma Beatriz Lisboa.

Na Faculdade de Letras o NEC funciona de forma aberta e informal. “Estamos constituídos enquanto grupo, mas não temos estatutos, nem esse tipo de coisas. É um grupo como existem outros dentro da faculdade, mas só nesse sentido”, explica, garantindo que “não houve grandes resistências a que nos formássemos”. O Núcleo de Estudantes Católicos é reconhecido pela FLL e pode reunir-se nas suas instalações, mas “não em termos de prática religiosa, porque a faculdade pretende ser um espaço neutro e autónomo”.

A missa semanal decorre habitualmente na paróquia do Campo Grande, próxima da Cidade Universitária, às vezes em conjunto com núcleos de outras faculdades. De resto, em momentos especiais também se juntam. “Já houve uma Via Sacra organizada pelo Instituto Superior de Agronomia, para todos os Núcleos de Estudantes Católicos”, exemplifica a responsável, que considera muito importante a diversidade que os NEC têm permitido. “Muitos de nós pertencemos a diferentes movimentos da Igreja e isso tem os seus desafios, mas tem criado uma aproximação e uma unidade", diz. "Há um sentido de pertença a uma comunidade que nos dá uma segurança para darmos o nosso testemunho na universidade.”

Mas é fácil para um estudante católico assumir hoje a sua fé no ambiente universitário? “Eu acho que o ambiente é um bocadinho hostil. Então na faculdade de letras, em que as temáticas andam sempre muito à volta daquilo que é a nossa cultura ocidental, de raiz judaico-cristã, isso muitas vezes gera críticas e discussões”, conta Beatriz Lisboa. Apesar disso, diz que nunca sentiu falta de liberdade. “Essa liberdade é uma coisa que vem de dentro e não é algo que nos possam tirar. O que sentimos são os desafios do dia-a-dia, naturais, com que toda a gente se depara quando assume a sua fé publicamente.”

Beatriz Lisboa acredita que, num ano de existência do núcleo, alguma coisa já ajudaram a mudar. “A nossa atividade e o dinamismo que vamos tendo, apesar de sermos pequenos naquilo que é a escala da nossa Faculdade, acaba por ir fazendo a diferença. E acho que isso se vai ver de forma mais explícita na conferência de dia 12, porque temos sentido, ao nível da divulgação que temos feito, que há muitas pessoas interessadas”.

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  • Maria Teresa Correia
    08 abr, 2018 Castelo Branco 10:51
    Muito interessante e pertinente

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