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Câmara de Comércio Luso-Britânica

Portugal não expulsa espiões. "Londres admirará independência portuguesa"

27 mar, 2018 - 11:55 • Pedro Mesquita

O secretário-geral da Câmara de Comércio Luso-Britânica, Chris Barton, admite que possa haver "desapontamento" em Downing Street pelo facto de Portugal não seguir os 14 países que expulsaram espiões russos, mas acredita que a decisão será entendida.

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O secretário-geral da Câmara de Comércio Luso-Britânica, Chris Barton, considera que a decisão portuguesa de não seguir os 14 países da União Europeia e expulsar diplomatas russos poderá, numa primeira fase, desapontar Londres, mas também acredita que os britânicos admirarão a coragem portuguesa para “tomar as suas decisões”.

“Eles [Downing Street] poderão ficar ligeiramente desapontados, mas penso que também admirarão a coragem portuguesa de pensar pela sua própria cabeça e de tomar as suas decisões”, fundamenta o secretário-geral da câmara de comércio, ouvido pela Renascença, que acredita ainda que a decisão portuguesa não abalará “a boa relação entre os dois países”.

Para o responsável britânico, a decisão portuguesa baseia-se na tese de que “todas as pessoas são inocentes até prova em contrário” e, por isso, sabendo que não há provas concretas que relacionam o envenenamento do agente duplo Sergei Skripal e a Rússia, Portugal decidiu manter uma posição mais neutra.

“A verdade é que, neste momento, não existe prova irrefutável de que alguma pessoa seja culpada deste crime. Existem muitos indícios, mas as pessoas comuns não são consideradas culpadas até que se prove o contrário”, defende Barton.

Chris Barton não deixa, no entanto, de elogiar a atitude dos países europeus que decidiriam juntar-se Reino Unido e à NATO na expulsão de membros da diplomacia russa. “Considero admirável que tantos países se mostrem solidários para com o Reino Unido, sobretudo nestes tempos de Brexit, em que, por vezes, o Reino Unido parece ficar só”, defende o dirigente.

A 14 de março, Londres anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos do território britânico e o congelamento das relações bilaterais, ao que Moscovo respondeu expulsando 23 diplomatas britânicos e suspendendo a atividade do British Council na Rússia.

Na segunda-feira, os Estados Unidos e vários Estados-membros da União Europeia anunciaram, a expulsão de diplomatas da Rússia. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, revelou que 14 países da UE decidiram expulsar diplomatas russos, em resposta ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal, um ataque ocorrido na cidade inglesa de Salisbury e atribuido à Rússia.

O caso Skripal provocou uma grave crise diplomática entre a Rússia, o Reino Unido e os países ocidentais.

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  • couto machado
    27 mar, 2018 Porto 14:40
    O governo que temos , entende que não devemos seguir o que outros Países tem vindo a fazer, no tocante à expulsão de diplomatas russos. É claro que o iluminado que temos à frente da pasta dos negócios estrangeiros, vale o que vale. Estou-me a lembrar dos filhos do diplomata iraquiano, acusados de arrearem forte e feio num canalhita da noite. A posição dele, foi francamente imprópria de um ministro. Mas já lá vai. Já agora, esperemos que os espiões de serviço, façam de Portugal o seu escritório....
  • Santa ignorância
    27 mar, 2018 Lisboa 12:42
    Os Ingleses são os nossos mais antigos aliados. Uma aliança que ao longo de séculos nos custou os olhos da cara. Com amigos destes não precisamos de inimigos.

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