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Guarda

“Disseram que nada ficava igual, mas não vejo nada diferente, senão a aplicação de multas”, diz bispo

22 mar, 2018 - 16:42 • Liliana Carona

D. Manuel Felício lamenta que foram feitas 166 propostas pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior, mas todas ficaram por cumprir. “Mais valia terem feito seis e cumprirem três”.

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O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, afirma não ter ficado surpreendido com as conclusões do relatório dos incêndios de outubro, mas confessa que esperava outras atitudes da parte do Governo.

“A partir de outubro, foi dito que nada ficava igual e a única coisa que vejo são as coimas aplicadas, que estão certas, mas podia ter havido outra atitude. Os incentivos pela positiva não existiram. Por exemplo, criar condições para que não houvesse especulação ou garantir escoamento aos resíduos”, lamenta o prelado, realçando que “as pessoas limpam, mas não dão o destino devido aos resíduos”.

O bispo da Guarda alerta ainda para o facto de muitos terrenos não estarem registados e defende a necessidade de os responsáveis esclarecerem a população: “A única coisa que aparece é ‘se não limpares, multo-te’, mas temos um problema: há muitas pessoas que nem sabem o que têm, não há cadastros definidos."

"Há também que pedir responsabilidade a serviços que pagamos, que são serviços da ordem florestal e pecuária. Em vez de estarem nos seus gabinetes, deviam vir ao terreno dizer às pessoas como se faz. Não temos quem nos oriente, ninguém está no terreno a dar orientações sobre que árvores plantar. Devia ser agora, não é para daqui a dois anos, quando estiverem outra vez as asneiras feitas”, acrescenta D. Manuel.

Para o bispo da Guarda, o interior tem que ser reencontrado. Manuel Felício questiona ainda o trabalho tem sido feito pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior. “Tem que se incentivar e motivar as pessoas, para que o nosso interior seja reencontrado. D. Sancho I foi o grande povoador e, certamente, gastou dinheiro. Hoje, também temos que estar dispostos a gastar dinheiro para repovoar as nossas terras. Houve uma missão para o desenvolvimento do interior e o que é que fez? Fez 166 medidas e não cumpriu nenhuma. Valia mais fazer seis e ter cumprido três, que estávamos no bom caminho”, rematou o bispo da diocese da Guarda, que, este ano, destina 50% da renúncia quaresmal às vítimas dos incêndios de outubro.

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