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PGR recebe queixa sobre incumprimento do testamento de Igrejas Caeiro

19 mar, 2018 - 15:32

Apresentada por um grupo de cidadãos, alguns deles próximos do antigo radialista, a queixa prende-se com a forma como a Fundação Marquês de Pombal, herdeira de parte dos bens de Igrejas Caeiro, está a interpretar o testamento.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu uma queixa a denunciar incumprimento do testamento de Igrejas Caeiro.

A queixa, apresentada por um grupo de cidadãos, alguns deles próximos do antigo radialista, prende-se com a forma como a Fundação Marquês de Pombal, herdeira de parte dos bens de Igrejas Caeiro, está a interpretar o testamento. Porque na casa que deixou à Fundação, em Caxias, não está a ser feita uma Casa/Museu, como era sua vontade, mas um alojamento local. E a própria Fundação dá dois valores distintos para a recuperação da casa em questão.

Depois de questionada pela Renascença, que pediu informações sobre o conteúdo de um cofre deixado à Fundação e sobre o inventário do espólio de Igrejas Caeiro, Isaltino Morais, presidente daquela fundação, admite, em comunicado (leia aqui na íntegra PDF) que, tal como previa o testamento, vendeu parte dos terrenos onde estava implantado o jardim, por 370 mil euros.

Um valor que, garante, "não é sequer suficiente para cobrir os custos das obras de conservação e reabilitação da moradia e jardins". De acordo com este comunicado, o valor total rondará os 600 mil euros. Um valor três vezes superior àquele que foi avançado, em meados de fevereiro, à Renascença, por um dos administradores da Fundação.

Alfredo Romano de Castro falou de 170 mil euros, gastos nas obras de recuperação, aos quais se somariam mais alguns milhares de euros com a recuperação do jardim.

"Selecionou-se a empresa de construção que apresentou um preço mais barato". No caso, "170 mil euros pela adjudicação da reabilitação da casa", garantiu Alfredo Romano de Castro, que na altura referiu que "haverá pormenores construtivos" que surgirão com o decorrer da obra, e que acrescem ligeiramente mais ao valor inicial. Cerca de "mais 20 mil euros", sem intervenção na parte do jardim.

"Depois de reabilitada", a recuperação da casa "ficará praticamente nos 200 mil euros".

Neste comunicado, a Fundação assegura que a vontade de Igrejas Caeiro está a ser cabalmente cumprida e respeitada. Que a casa de Igrejas Caeiro, em Caxias, da autoria do arquiteto Francisco Keil do Amaral, está a ser alvo de uma "profunda reabilitação no sentido de lhe conferir a dignidade que um exemplar da arquitetura moderna merece".

"Mobiliário, livros, correspondência, quadros, porcelanas, objetos decorativos e pessoais estarão acondicionados e guardados em locais próprios, e regressão à casa depois de concluídas as obras". Um dos locais é a própria sede da Fundação, em Linda-a-Velha, onde estão os quadros de Artur Bual e de Júlio Pomar, entre outros artistas portugueses.

Quanto ao conteúdo do cofre deixado por Igrejas Caeiro à Fundação, “contém algumas peças: moedas de prata, muito poucas", segundo a Fundação, "ouro, peças em metal e em vidro, cujo valor não ultrapassará os 2 mil euros". Bens que ainda estão no mesmo cofre, à guarda do banco.

No início deste mês, uma investigação da Renascença deu a conhecer esta decisão da Fundação – de não estar a respeitar a vontade de Igrejas Caeiro e de pôr em risco o seu legado. Isto porque algum do espólio de Igrejas Caeiro apareceu à venda em feiras de antiguidades e leiloeiras.

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