17 mar, 2018 - 13:22 • Maria João Costa
“A história da Eileen é contada por ela própria” começa por explicar Ottessa Moshfegh, a autora norte-americana que escreveu “O meu nome era Eileen” com que ficou entre os finalilstas do Man Booker Prize em 2016.
A protagonista da obra é uma mulher com uma vida aparentemente rotineira, mas que têm um lado sombrio. Filha de um pai alcoólico, esta mulher gosta de ler livros sobre crimes e doenças. Ottessa Moshfegh fala da sua personagem como alguém com “uma curiosidade negra porque o mundo dela é mesmo negro, mas ninguém se aprecebe o quanto é miserável”.
No Funchal, onde está a convite do Festival Literário da Madeira, a escritora desvenda os detalhes da escrita deste livro que a catapultou para o sucesso e que está traduzido e editado em Portugal pela editora Alfaguara. Ottessa estava habituada a escrever contos, e nunca tinha feito a maratona de escrever um romance.
Por isso procurou ajuda numa espécie de manual sobre “como escrever um romance”.
“Basicamente eu era uma escritora de contos, nunca tive a ambição de escrever um romance até surgir a história de Eileen. Nessa altura debatia-me com o tipo de romance que queria escrever. Eu sabia que a Eileen ia ser uma personagem muito estranha”, começa por contar.
“Aí pensei, ela é uma personagem estranha num mundo muito convencional, por isso decidi usar uma estrutura de romance convencional. Então segui esse livro que diz como escrever um romance. Só tem dicas comerciais banais, mas ajudou a criar o formato do romance enquanto produto comercial. Usei essa formula e escrevi o rascunho do livro muito rapidamente. Depois estive um ano e meio a editá-lo”, concretiza.
Ottessa Moshfegh é filha de mãe croata e pai iraniano. Nasceu e vive nos Estados Unidos. Sobre as influências culturais da herança genética dos pais, a escritora diz que não as sabe descrever. Fazem parte da pessoa que é. Mas diz que o pai, com feições iranianas, de pele escura, sofre “racismo” nos Estados Unidos.
Sobre a presidência de Donald Trump, Ottessa Moshfegh diz que já não consegue ouvir noticias no país e que só espera a saída de Donald Trump porque afirma: “No meu circuito, na minha sociedade o sentimento geral é que nós aliás, nós coletivamente elegemos não sei de que forma este louco como presidente e estamos só à espera que seja destituído. Eu pessoalmente, já nem leio jornais. Enfurece-me”.
“Não porque ache que o que está a acontecer seja muito terrível, a questão é que nada é levado a sério. É tudo um circo”, remata.