15 mar, 2018 - 00:10 • Sandra Afonso (Renascença) e Vítor Costa (Público)
O antigo líder da Autoridade da Concorrência e ex-administrador do Banco de Portugal lembra que ainda recentemente o economista Vítor Bento falou num custo de 10 mil milhões de euros como o valor que irá custar a resolução do Banco Espírito Santo e interroga-se sobre quem irá pagar a fatura.
“Evidentemente que não serão os depositantes, também não estou a ver a dívida subordinada a suportar isso, e dizer que são os outros bancos, quando estão numa situação de fragilidade, também é ilusório. Portanto vão acabar por ser os contribuintes”, sublinha. Esse custo, segundo o economista, poderá ser alargado aos funcionários bancários através de mais despedimentos.
A situação do sistema bancário é, aliás, um dos fatores de risco que Abel Mateus aponta para a economia portuguesa devido aos níveis de crédito malparado. “Continua a ser um risco elevado”, admite, até porque “entre os países da crise [Espanha, Grécia e Irlanda] somos o segundo com níveis de malparado mais elevado, temos registado uma redução muito lenta e ainda temos níveis incomportáveis”.
É por isso que este responsável diz faltar “uma visão mais agressiva para resolver o problema”. E essa visão passa, por exemplo, pela via regulatória, “obrigando os bancos a reduzirem de uma forma mais drástica e a reconhecerem as dívidas. Há dívidas que são irrecuperáveis e continuam nas contas dos bancos; toda a gente sabe que são irrecuperáveis e continuam lá como recuperável, o que não é admissível”, sublinha.