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Mais de mil crianças morreram este ano na guerra da Síria, diz UNICEF

13 mar, 2018 - 12:00 • André Rodrigues

"Nos últimos sete anos, as crianças da Síria nasceram, praticamente, na frente de batalha”, diz à Renascença a porta-voz da UNICEF para o Médio Oriente. Além das vítimas entre civis, cada vez mais crianças e jovens são usados como combatentes.

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Morreram mais de mil crianças na Síria, em Janeiro e Fevereiro, denuncia a UNICEF, o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

A UNICEF avança outro indicador dramático: no ano passado, o recrutamento de crianças para a guerra praticamente triplicou em relação a 2015.

As crianças continuam a ser o elemento mais vulnerável da guerra e terror que assolam a Síria. Nas últimas três semanas, o cerco a Ghouta oriental tem contribuído de forma decisiva para o agravamento do sofrimento de todos os segmentos da população.

“Estamos bastante preocupados com a situação das crianças na Síria. E vemos que está a ficar cada vez pior. Pensávamos que em 2016 tínhamos visto o pior dos cenários, em relação ao sofrimento das crianças, mas 2017 foi ainda pior: sabemos que houve um aumento de 50 por cento do numero de mortes infantis por causa da violência", diz à Renascença a porta-voz do gabinete regional da UNICEF para o Médio Oriente, Tamara Kummer.

"Só nestes primeiros dois meses de 2018, temos conhecimento de pelo menos mil crianças que foram mortas ou ficaram feridas por causa da escalada do conflito. E isto é muito preocupante", acrescenta Kummer.

Nestas declarações à Renascença, a partir de Amman, na Jordânia, esta responsável da UNICEF fala de incumprimento da lei da guerra, em particular, no que diz respeito à protecção das crianças, já que há um uso excessivo das armas em zonas densamente povoadas: “As partes em conflito não cumprem as regras básicas de proteção das crianças. Por outro lado, há um aumento do uso de armas em zonas densamente povoadas e, por causa disso, os civis - e as crianças em particular - são apanhadas em fogo cruzado. É essa a razão para a subida do número de vítimas mortais entre as crianças.”

Meninos-soldados

Outro problema que se agrava, segundo o testemunho da porta-voz da UNICEF, é o da utilização das crianças e jovens como combatentes, que triplicou em dois anos.

“Em 2017, o número de crianças recrutadas para o conflito praticamente triplicou em relação a 2015. Vemos que há cada vez mais crianças na primeira linha dos combates, o que, naturalmente, aumenta o risco de morte ou de lesões e ferimentos graves."

Tamara Kummer acrescenta que, "nos últimos sete anos, as crianças da Síria nasceram, praticamente, na frente de batalha”.

A UNICEF está a fazer o levantamento do total de crianças que morreram desde o início do conflito, em Março de 2011. "Não há um número ainda fechado", explica Kummer, convicta, contudo, de que "desde o início da guerra civil, pelo menos 511 mil pessoas morreram", tendo em conta os dados do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

“Estamos nesta altura a tentar perceber e verificar a situação anterior a 2014. Por isso ,não quereria avançar com números de vítimas infantis desde o início do conflito. Contudo, estimamos que seja um número extremamente elevado. O conflito sírio afectou as crianças de uma forma desproporcionada. Corresponderão a cerca de 25% do total de mortes entre os civis.”

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