12 mar, 2018 - 13:57
O "Betanzos", a 6 de Março deste ano, e o “Tollan”, a 16 de Fevereiro de 1980, encalharam no Tejo, em Lisboa. Os dois navios encalharam em zonas diferentes, mas a história do barco espanhol trouxe à memória de muitos lisboetas a recordação do “Tolan”, que flutuou no Tejo durante três anos, com o casco para cima.
No caso do "Tollan", de bandeira britânica, houve uma colisão com outra embarcação, tendo o acidente resultado na morte de quatro pessoas.
Já o "Betaznos", navio de bandeira espanhola, encalhou na madrugada do dia 6 de março, por volta da 1h00, à saída da barra de Lisboa por causa de uma avaria.
O barco tinha acabado de sair do Terminal Multiusos do Beato, tendo como destino Casablanca, em Marrocos, quando ficou à deriva ao largo do Bugio, devido a uma falha total de energia.
Sem força de propulsão e ao sabor da corrente, o navio de 118 metros e carregado com toneladas de areia acabou por encalhar, após uma tentativa de fundear, ou seja, lançar âncora.
A tripulação de dez pessoas foi, entretanto, evacuada do navio e está planeada para esta segunda-feira a quarta tentativa para desencalhar o barco.
A memória do “Tollan”
O porta-contentores inglês encalhou há quase 40 anos, mas muitos lisboetas ainda se lembram se ver o casco vermelho do navio, a flutuar no Tejo, junto ao Cais das Colunas.
Tudo aconteceu a 16 de fevereiro de 1980, quando o navio de bandeira inglesa colidiu com o cargueiro sueco “Barranduna”, junto ao Cais do Tabaco.
As notícias da época explicam a colisão entre os dois navios devido ao “cerrado nevoeiro no estuário do Tejo”. Na sequência do embate, o “Tollan” virou-se e quatro dos 16 tripulantes morreram no acidente. Os mergulhadores não conseguiram salvar as vítimas que ficaram presas nos camarotes.
Mais tarde, já com a quilha e o casco completamente voltados para cima, o barco flutuou até ao Cais das Colunas onde acabou por se tornar uma inusitada atracção turística.
O casco a flutuar fazia lembrar uma “baleia vermelha” (uma das alcunhas que ganhou) e permaneceu em frente ao Terreiro do Paço durante três anos, oito meses e quinze dias. Durante esse tempo, passou a ser conhecido também por “porta-aviões das gaivotas” e “farol dos cacilheiros”.
As primeiras medidas para retirar o navio do Tejo passaram por tentar virar o barco com recurso a gruas para que pudesse navegar novamente.
As tentativas sucediam-se, mas parecia não haver meio de virar o barco que passou a representar um risco para a navegação. Em outubro de 1980, um ferry chegou mesmo a embater no casco do navio.
À medida que cresciam as expectativas em relação à retirada do navio do Tejo, crescia também a familiaridade dos lisboetas com o “Tollan”.
O nome foi aportuguesado para “Tolan” e passou a ser usado em restaurantes e cafés. A palavra ‘tolan’ entrou no vocabulário de muitos lisboetas e tornou-se sinónimo de “encalhado” e “alguém a quem não se consegue dar a volta”. Nessa época, era comum chamar aos jantares de despedida de solteiros, “jantares tolan”.
Depois de inúmeras tentativas, o navio foi retirado do Cais das Colunas a 2 de dezembro de 1983 graças a uma grua gigante que conseguiu voltar o “Tollan”.