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Maioria dos jovens não consegue arrendar ou comprar casa

27 fev, 2018 - 00:00 • Ana Lisboa

É uma das conclusões de um estudo da Cáritas, segundo o qual os mais novos continuam sujeitos a salários baixos e trabalho precário. Quase 30% estão em risco de pobreza.

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O acesso à habitação a preços acessíveis é um dos desafios que os jovens hoje enfrentam. É uma das conclusões do estudo “Os jovens na Europa precisam de um futuro”, apresentado esta terça-feira.

Segundo este documento da Cáritas Portuguesa e da Cáritas Europa “as políticas adotadas nos últimos 10 anos não conseguiram a quebra de ciclos de pobreza geracional”.

"Os jovens são confrontados com situações de desemprego, empregos precários, contratos irregulares e baixos salários", o que torna "muito difícil" um jovem conseguir suportar os custos de habitação.

Os números comprovam: o desemprego jovem em Portugal situa-se nos 20,8%, situando-se 6,1% acima da média europeia, que está nos 14,7%.

Além disso, o abandono escolar precoce é de 14%, um valor superior à média europeia, que ronda os 10,7%. Em risco de pobreza, encontram-se 29,4% dos jovens.

Outros problemas que afetam os jovens são “os salários baixos e as condições de trabalho precárias”, que “atinge tanto os que têm baixos níveis de estudo, como os que completaram níveis mais elevados”.

Segundo o relatório, os principais desafios relacionados com a pobreza e a exclusão social entre os jovens portugueses, a saber:

Trabalho digno: “as oportunidades de emprego e os níveis salariais diminuíram acentuadamente desde a crise financeira de 2008”.

Emprego precário: “não estão a ser criados empregos de qualidade. Muitos jovens estão retidos em programas de estágio, sem qualquer proteção social”.

Custo elevado da educação: “as famílias de baixos rendimentos não conseguem suportar as despesas relativas aos estudos dos seus filhos”.

Habitação a preços acessíveis: comprar “habitação própria é muito difícil para a maioria dos jovens, devido aos empregos precários e a um mercado de habitação a preços muito elevados”. O sentimento de insegurança em que vivem impede também, em muitos casos, o compromisso com o arrendamento.

Uma geração a afundar-se

Ao nível europeu, o estudo revela que “esta é a primeira geração de jovens a enfrentar o risco de empobrecimento em relação à geração dos seus pais”.

A Cáritas Europa fala num “novo tipo de pobreza juvenil: jovens casais trabalhadores que dificilmente conseguem suportar as suas despesas e que não podem construir uma família. A Cáritas chama-lhes ‘Sinkies’”.

O documento destaca também algumas políticas com um impacto positivo, ainda que limitado, nomeadamente, o “acesso a creches e jardins de infância a preços razoáveis”, a “Garantia Jovem”, “políticas educativas de combate ao abandono escolar precoce e à desistência dos estudos”.

A Cáritas considera, por outro lado, que o “Fundo Social Europeu está a contribuir, em parte, para reduzir a pobreza e a exclusão social entre os jovens”.

Em Portugal, “está a ser usado para apoiar alguns projetos ou programas para ajudar a integrar os jovens no mercado de trabalho ou para melhorar as suas qualificações. O impacto foi positivo durante a crise, pois criou algumas oportunidades de emprego para jovens desempregados”.

No entanto, apesar de considerar que o FSE “é um excelente instrumento para combater a pobreza e promover a inclusão social”, a Cáritas acusa de ser “subutilizado no apoio às medidas desenhadas para diminuir o número de desempregados”.

Cinco recomendações

A Cáritas apresenta, neste relatório, cinco recomendações aos decisores políticos para darem resposta a todos os desafios:

1-Promover níveis salariais dignos

2-Prevenir a precariedade laboral, as irregularidades e a evasão fiscal nos contratos de trabalho

3-Conceder oportunidades iguais no acesso à educação

4-Facilitar a habitação a preços acessíveis para os jovens de acordo com os seus rendimentos

5-Desenvolver uma estratégia nacional para promover a participação cívica dos jovens

Estas recomendações resultam de um trabalho de auscultação da realidade nacional, através das Cáritas diocesanas, organizações e instituições nacionais que trabalham com jovens e na relação com os dados oficiais. Foram feitas em conjunto com os países que fazem parte da Cáritas Europa, que coordenou o estudo.

A apresentação do documento surge no âmbito da Semana Nacional da Cáritas, que decorre de 26 de fevereiro a 4 de março.

Entre outras iniciativas, haverá o habitual peditório, que decorre da próxima quinta-feira até domingo. Os fundos angariados revertem para apoiar os mais carenciados.

No primeiro semestre de 2017, a Cáritas atendeu mais de 68 mil pessoas. Problemas relacionados com o rendimento, o trabalho e o sobreendividamento continuam a ser as principais razões pelas quais as pessoas procuram a instituição. Seguem-se os encargos com a saúde, que têm subido progressivamente.

Comentários
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  • Nuno Frederico
    06 mar, 2018 Olhao 07:50
    Aqui em Olhão os preços das casas dispararam. Ora uma casa que estava avaliada em 100 mil agora pedem 150mil e o banco so me empresta 80 mil. E há 2 anos atrás ninguém lhe pegava por ainda precisar de obras. Mas os estrangeiros compram tudo e ate sem ver.
  • Nuno
    06 mar, 2018 Olhao 07:40
    Deixaram os estrangeiros comprar todo o que era casas por balurdios no algarve, agora quero ver para onde é que o algarvio vai morar??? O algarvio vai ser sempre um escravo
  • jcosta
    27 fev, 2018 viladoconde 19:49
    se perguntar ao governo deve ser mentira ----esta tudo bem--- não há défice--não há divida---os hospitais nada devem --aos doentes nada lhes falta --a saúde esta de boa saúde.....A SITUAÇAO E TAO GRAVE----OS JOVENS NAO TEM FUTURO-----EXCETO AQUELES QUE PERTENCEM AOS PARTIDOS---OS FILHOS --OS AMIGOS-----UMA VERGONHA----E ENTAO COM BLOCOS E PC---ACABOU ---OU SE MUDA ---OU ENTAO TUDO PIORA
  • A.Seabra
    27 fev, 2018 viseu 11:17
    A UNIÃO EUROPEIA FOI CRIADA COM QUE INTENÇÃO ? Por acaso não foram os ROBINS DO BOSQUE dos ricos de alguns países que a criaram para roubarem aos pobres e darem aos ricos ? Por acaso já verificaram que em Portugal se criou um BANCO NOVO, torneira onde os governantes, TODOS, usam para roubarem o povo através de impostos e mais impostos que nele injetam e NÃO SÓ NESTE BANCO e ninguém sabe onde esse dinheiro vai parar ? Por acaso já repararam como os ROBINS do BOSQE dos ricos deste país se encaixam em lugares de relevo na U.E., onde levam ordenados escandalosos ao fim do mês e adquirem reformas vergonhosas, reformas que o desgraçado daquele que trabalha não consegue ganhar numa vida inteira ? Já repararam como um primeiro ministro deste país já está a engraxar os PARASITAS da U.E. , com a opinião de se criarem MAIS TRÊS IMPOSTOS a pagar pelos escravos dos países da U.E. para encher o bandulho a todos aqueles PARASITAS e claro, com a ideia de depois de deixar o TACHO aqui em Portugal, ainda ir ter lugar de MAMÃO lá na U.EUROPEIA ? A UNIÃO EUROPEIA foi criada para que o CAPITALISMO selvagem tivesse possibilidade de ter ao seu serviço uma nova ESCRAVATURA, escravatura do Século XXI, e é isto que o povo não vê !
  • NELSON
    27 fev, 2018 ABRANTES 11:10
    D. Ana concordo consigo plenamente . Eu tenho 36 e a minha mulher 26 ela está desempregada sem qualquer subsidio e eu trabalho há 10 anos numa PME com uma miséria de ordenado mínimo o patrão não aumenta um tostão . Ter filhos ?! Nem pensar .Poder comprar casa ou ir para uma de renda com condições com preços acessíveis ?! Impossível . Como nos sentimos? Que somos um casal jovem que a vida está a passar toda ao lado, neste país quem manda não é o governo (SEJA ELE QUAL FOR) mas sim as empresas e assim fazem de nós uns palhaços autenticas marionetas .
  • 27 fev, 2018 11:08
    E a primeira vez que eugenio da fonseca diz alguma coisa de geito! O outro nao tem que desdramatizar!
  • Muito bem Ana Alves
    27 fev, 2018 dequalquerlado 10:48
    Muito bem Ana Alves, o seu comentário está cheio de verdade. Este país está uma vergonha, com todos estes corruptos, políticos incompetentes e medíocres, que não passam de autênticos fantoches ao poder econômico e aos vampiros estrangeiros. Fala-se nas ajudas dos fundos europeus. Mas estas ajudas também servem mais para quem anda a dar formação, porque apesar disto os jovens continuam a enfrentar toda a precariedade e as dificuldades de que se fala, e mesmo assim estamos muito piores que à décadas atrás. E é preciso não esquecer que são estes srs escumalha da europa que têm mandado os gov. fantoches retirar direitos aos trabalhadores e congelar os salários... Fala-se de quem tem pouca escola que é penalizado por isto. Pois, tudo vale para justificar a miséria neste país. Agora até para lavar tachos e panelas já pedem quase formação universitária. discriminam as pessoas mais velhas que sempre trabalharam sem ser preciso grandes diplomas e ainda as obrigam a frequentar a escola, sem que depois tenham qualquer futuro. Depois o que é que se vê, hoje 12 ano é obrigatório, mas todos passam mesmo sem saber nada, depois nem sabem escrever, servindo só de fachada a sua escolaridade. Depois quem vai tirar os cursos universitários vão trabalhar para as caixas dos hipers e sem futuro. Afinal o mal é de quem tem menos ou mais escola? Então porque é que mesmo com mais escolaridade hoje e mais formação estamos mais miseráveis do que há décadas atrás? Um país que só tem andado para trá
  • Chamem a poedeira
    27 fev, 2018 Lisboa 09:02
    Com isto não se preocupa a Dondoca da Tiah Kristas Ronalda. Ela que tem opinadura para tudo, que cacareja sobre tudo.
  • Ana Alves
    27 fev, 2018 Oeiras 08:49
    Só agora se aperceberam? Não é apenas a faixa dos 18 aos 29 anos, muita gente com 30 e até com 40 está a ver a vida a andar para trás. Vejam os anúncios de emprego, ou são ofertas de estágios curriculares, ou de estágios não remunerados, ou de trabalhos pontuais, ou de contratos que nem chegam aos seis meses para não terem de renovar, isto quando não abusam de pessoas em formação enviadas pelo IEFP a custo zero; quem é que pode sustentar uma casa com trabalhos pontuais mal pagos? Este país ainda tem a mentalidade da troika e quer que as pessoas trabalhem de graça ou a troco de tostões até aos 45 anos, quer que uma multidão sustente uma pseudo-elite ultrapassada, anacrónica, ignorante, egoísta e gananciosa, isenta de patriotismo e sem um projecto para o País porque só lhe interessa o umbigo, vejam o tal de Pedro Ferraz da Costa. Estão a obrigar uma geração ou até se calhar duas a viverem em casa dos pais até ao desespero e à velhice.

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