21 fev, 2018 - 11:45
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defende que a palavra “médico” deve fazer parte da identificação dos profissionais do setor.
“Independentemente de usarem o título académico, que é o ‘doutor.’, têm que usar o seu título profissional. É uma matéria que eu vou discutir internamente”, anunciou Miguel Guimarães, na Renascença.
Questionado sobre se os utentes deveriam começar a tratar os médicos por “senhor médico”, Miguel Guimarães esclareceu que não, que “as pessoas têm de ser tratadas sempre pelo seu nome, mas, em termos de identificação, é importante que apareça sempre a palavra 'médico'”.
Apesar de também ter uma carga de ironia, como reconhece, exigência prende-se com a criação de uma licenciatura para a chamada medicina tradicional chinesa, que já mereceu a oposição da Ordem.
“É um bocado de ironia e um bocado de proposta. Nos EUA, os médicos são tratados por MD: ‘medical doctor’. Esta expressão aqui não se poderia adotar, mas a verdade é que hoje os licenciados são muitos, são cada vez mais – como se vê, criam-se licenciaturas de uma forma absolutamente espantosa – de maneira que os médicos, para serem devidamente identificados no seu local de trabalho, nomeadamente devem ser tratados por médicos também”, sustenta.
Na mesma entrevista, Miguel Guimarães falou também sobre a abertura de concursos para recém-licenciados. Esta quarta-feira, é aberto o concurso para a entrada de 110 médicos de medicina geral e familiar no Serviço Nacional de Saúde. À espera continuam cerca de 700 recém-especialistas, alguns há quase um ano.
“Esta situação, de facto, é vergonhosa em termos nacionais, existirem médicos jovens, especialistas, formados no nosso país, em que o país investiu imenso e que depois não se contratam e, portanto, abre-se-lhes a porta para saírem do Serviço Nacional de Saúde, irem trabalhar para o estrangeiro ou fixarem-se apenas no sector privado”, argumenta.
Como não concorda “decididamente” com “esta política que o ministro da Saúde está a seguir”, o bastonário admite avançar para um protesto em moldes a definir.
“Vamos obviamente enveredar por formas de manifestar de modo sentido a nossa indignação. Vamos ouvir os médicos, fazer reuniões em vários locais do país para perceber até onde estão dispostos a ir, porque não podemos continuar a deixar que esta política de saúde continue sem qualquer tipo de oposição em termos daquilo que são as medidas essenciais”, afirma.