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Quase 200 civis mortos em ataque na Síria

20 fev, 2018 - 16:15

As forças pró-regime de Bassar al-Assad atacaram o enclave de Ghouta. A ofensiva está a ser considerada uma das mais sangrentas desde o início do conflito.

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As imagens do ataque mais mortífero dos últimos três anos na Síria
As imagens do ataque mais mortífero dos últimos três anos na Síria

As forças sírias pró-regime do presidente Bassar al-Assad bombardearam o enclave de Ghouta, no leste da Síria, controlado pela oposição. A incursão no bastião rebelde provocou 194 mortos e centenas de feridos nos últimos dias.

O ataque, que começou no domingo ao fim da tarde, está já a ser considerado um dos mais sangrentos da guerra civil que dura há vários anos na Síria. Cinco hospitais da região também foram bombardeados, dois hospitais suspenderam as operações e um foi colocado fora de serviço.

"Estamos perante o massacre do século XXI", disse às agências internacionais um dos médicos do leste de Ghouta. "Se o massacre da década de 1990 foi Srebrenica e os massacres da década de 1980 foram Halabja e Sabra e Shatila, então o leste de Ghouta é o massacre deste século e está a acontecer agora", considera o clínico.

O número diz apenas respeito apenas às vítimas civis registadas desde o passado domingo, no enclave de Ghouta, a leste de Damasco, segundo os dados recolhidos pela organização não-governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

UNICEF sem palavras

O Fundo das das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) emitiu esta terça-feira um comunicado sobre os ataques em Ghouta, onde revela que já não há palavras para descrever a situação na Síria.

O documento "A Guerra contra os menores na Síria" da UNICEF só tem a frase "nenhuma palavra fará justiça aos menores assassinados, às suas mães, aos pais e aos entes queridos".

O diretor do Unicef para o Médio Oriente e Norte da África, Geert Cappelaere deixou o resto na nota em branco. "Já não temos palavras para descrever o sofrimento dos menores e a nossa indignação", pode ler-se no rodapé do documento.

No ataque a Ghouta morreram pelo menos 20 crianças e adolescentes. "Aqueles que infligem o sofrimento ainda têm palavras para justificar esses atos bárbaros?", pergunta a UNICEF.

O bastião rebelde de Ghouta, controlado pela oposição a Bashar al-Assad, está a ser alvo de uma ofensiva do regime desde o passado dia 7 de fevereiro. Na região habitam mais de 400 mil civis.

Nos últimos três meses já morreram mais de 700 pessoas, sem incluir as mortes na última semana, de acordo com as instituições locais.

A jornalista que luta contra o ditador da Síria à distância
A jornalista que luta contra o ditador da Síria à distância (excerto da reportagem "Encalhados na Turquia")

O conflito na Síria já forçou mais de 5 milhões e meio de cidadãos a fugir do país. Mais de 3 milhões estão registados na Turquia, o país que acolhe mais refugiados no mundo. Uma realidade retratada na reportagem da Renascença "Encalhados na Turquia".

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  • Pedro Nunes
    21 fev, 2018 Quinta Do Conde 07:51
    https://twitter.com/ShehabiFares/status/966213711441653760 Estes são os "rebeldes" que a comunicação social ocidental apoia. Tenham vergonha e contem a verdade!
  • António Costa
    20 fev, 2018 Cacém 23:12
    Sempre que Bashar Hafez al-Assad ataca opositores políticos, aparecem sempre fotos de crianças aterrorizadas. Ou de crianças em cuidados intensivos, como a "pedir socorro". Sempre. Já da nas vistas. E nos massacres realizados pelos dirigentes turcos contra as populações curdas? Nada. As noticias são dadas tipo "rodapé", como se os curdos não fossem pessoas. Ou como se os cruéis grupos extremistas islâmicos fossem apenas constituídos por crianças indefesas...devem achar que as pessoas são parvas.

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