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Ministro do Ambiente. "O Tejo não aguenta a carga orgânica que tem"

31 jan, 2018 - 19:46

Matos Fernandes diz à Renascença que o Tejo está limpo a montante da zona industrial de Vila Velha de Ródão. "Mais do que uma descarga, que pode ter existido", está em causa a "acumulação de sedimentos de matéria orgânica no fundo do rio".

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Entrevista ao ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, nas Tardes da Renascença - 31/01/2018

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, diz que o rio Tejo “não aguenta a carga orgânica que tem”.

Em declarações à Renascença, Matos Fernandes reforça que a poluição no Tejo está relacionada com “o acumular de sedimentos” produzidos pelas empresas das indústrias de papel que estão ao longo do rio, informação confirmada esta quarta-feira pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

"Já temos os primeiros resultados do filme feito hoje por mergulhadores no fundo da albufeira do Fratel", em Vila Velha de Ródão, afirma. A montante das empresas de celulose, "o leito está limpo, bem como a água, e, imediatamente a jusante, há um volume muito grande de sedimentos que, quando chegam cá fora, cheiram mal e são de cor negra", refere.

"Mais do que uma descarga, que pode ter existido e não estamos a negar, fora dos parâmetros de licença, aquilo que está aqui verdadeiramente em causa é o acumular de sedimentos de matéria orgânica no fundo do rio", acrescenta.

A situação foi agravada com o facto de ter chovido pouco nos últimos meses, diz ainda o ministro.

Desde quinta-feira, dia em que foi detectada a poluição, foram tomadas algumas medidas e “já há uma melhoria evidente”. Apesar disso, o ministro aguarda por resultados mais concretos na próxima semana.

João Pedro Matos Fernandes acrescenta que as licenças das empresas vão “ser revistas” e “adaptadas” às novas condições dos rios. As licenças “não podem ser cegas”.

Manto de espuma "dantesco" cobre Tejo em Abrantes
Manto de espuma "dantesco" cobre Tejo em Abrantes

As análises, divulgadas esta quarta-feira pela APA, mostraram que os níveis de celulose – que representam a totalidade da matéria vegetal presente — estavam cinco mil vezes acima dos níveis recomendado.

Apesar de responsabilizar todas as indústrias da pasta de papel a montante das albufeiras de Fratel e Belver e a montante de Abrantes pela situação denunciada no passado dia 24, o presidente da APA, Nuno Lacasta, confirmou que a Celtejo, fábrica de pasta de papel fixada em Vila Velha de Ródão, é responsável por 90% das descargas deste tipo de indústrias que chega ao rio naquela região.

Celtejo nega responsabilidade

A Celtejo, do grupo Altri, reitera que é alheia aos recentes fenómenos de poluição no rio Tejo e adiantou que a redução dos efluentes em 50% é inviável.

"A Celtejo é completamente alheia ao que tem surgido [no rio Tejo]. Não temos qualquer anomalia ou qualquer descarga e a produção ao longo das últimas semanas tem sido estável", afirmou o director de Qualidade e Ambiente da empresa, Soares Gonçalves.

Comentários
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  • DR XICO
    01 fev, 2018 LISBOA 10:56
    Já um país inteiro sabe que são as fabricas de celulose que estão a poluir o Tejo porque tratar as águas sujas nas suas ETAR fica caro, daí valer a pena enviar tudo para o Tejo e pagar as multas ainda compensa. Existe hoje tecnologias ao nível de tratamentos de esgotos muito eficientes capazes de tornar potável essas águas, mas os nossos politicos preferem umas sandes no SACO
  • r
    31 jan, 2018 22:58
    Não tenhas medo porque, neste país de brincar, ninguem (poderoso) vai preso.
  • Carpa Aflita
    31 jan, 2018 Almonda 22:07
    Sr. Ministro acordou agora ?! Há quanto tempo o problema se verifica sem que todas as entidades sob o manto do ambiente nada tenham feito ! As celuloses já se queixam que não são viáveis com as novas regras, temos pena ! Emigrem !
  • Jose Marques
    31 jan, 2018 Oeiras 21:08
    E não se culpa Espanha por não cumprir caudais mínimos no tejo? Ou o sr ministro vais dizer que não há transvases do rio para a Extremadura e Andaluzia? É fácil só olhar para as celuloses, mas há que 'tê-los no sítio' para confrontar Espanha sobre isto. Com os incêndios fortes nos concelhos envolventes às celuloses, há muita madeira queimada que tem de seguir para as mesmas, sob pena de apodrecer e não dar qualquer rendimento aos micro proprietários. Para não falar de postos de trabalho na silvicultura e nas próprias celuloses (são largas centenas). Foram feitos investimentos de vários milhões de euros pelas celuloses em ETARs, mas se o tejo não tiver caudal mínimo é fácil apontar o dedo à indústria papeleira. Não defendo a poluição no rio, aliás todo ele parece um gigantesco efluente sem vida, mas a falta de água não se deve apenas à falta de chuva...
  • Hugo Lopes
    31 jan, 2018 Abrantes 20:47
    Se não se aguenta a diminuir as descargas, feche portas e deslocalize para outro país . Eram mais os beneficios que os prejuizos.
  • Santos
    31 jan, 2018 Oeiras 20:46
    Este rapaz ê analfabeto não percebe que o Tejo está poluído por culpa dele É um incompetente É criminoso contra a natureza Nem falar sabe Assassino da vida do Tejo Seja homem e não cobarde e pare com a matança do rio Tejo Encerre imediatamente as empresas assassinas do Tejo
  • fanã
    31 jan, 2018 aveiro 20:01
    Foi preciso a População Portuguesa manifestar uma indignação por a inoperancia das entidades responsáveis para chegar a conclusão que qualquer pessoa de bom senso tinha identificado a origem destes actos criminosos . Espero para ver o que o Governo decide de aplicar como medida de repreensão !......................... Talvez nenhuma !

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