31 jan, 2018 - 10:03 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
48 cêntimos. Hoje ninguém toma uma chávena de café a este preço. Só que 48 cêntimos é o valor diário que cada contribuinte português dispensa ao orçamento da União Europeia.
Ou seja, o funcionamento deste projecto de soberania partilhada entre estados custa menos de um café por dia.
É com este slogan que Bruxelas procura atenuar as reservas de vários estados-membros face ao rumo da União Europeia. No fundo, o que os responsáveis europeus querem dizer é que, com esta contribuição quase simbólica, recebemos muito mais da UE do que aquilo que lhe damos.
A edição europeia da revista 'Politico' reuniu os dados da Comissão Europeia e fez um exercício que ajuda a desfazer alguns mitos.
Facto: a Alemanha é a economia mais forte da Europa. Mas quanto paga cada contribuinte alemão para o Orçamento comunitário?
Não. Não são eles quem mais dá à UE. Cada alemão entra com 84 cêntimos diários, que é cerca de metade do que paga por exemplo um luxemburguês.
O Luxemburgo tem 600 mil habitantes. É o país com menor densidade populacional na União Europeia. Mas foi também o que mais viu crescer a sua população no ano passado.
E tudo por causa da emigração, em grande parte atraída por um ordenado mínimo que ronda os 2.000 euros.
Aí está a razão para o contributo de 1,57 € diários para garantir o funcionamento das instituições europeias.
Aliás, os contribuintes do Luxemburgo, a par com os belgas, entram sete vezes mais para o orçamento europeu do que os búlgaros ou os romenos.
Mas voltemos a Portugal. A União Europeia custa-nos 48 cêntimos por dia, que multiplicados por 10 milhões e 300 mil habitantes, 365 dias, dá uma soma de 1,8 mil milhões de euros.
É com este valor que Portugal contribui este ano para o orçamento de Bruxelas e Estrasburgo.
48 cêntimos, menos de um café. Agora veja: até finais de Setembro do ano passado, o 'Portugal 2020' já tinha já tinha atingido os 1.000 milhões de euros de pagamento de fundos da União Europeia às empresas.
Agora, as comparações: a Estónia tem 10 vezes menos população do que Portugal. E cada contribuinte estoniano só paga menos três cêntimos diários do que nós portugueses.
Pior mesmo está a Grécia. Por dia, cada contribuinte helénico despende 44 cêntimos dos seus impostos para financiar a Europa comunitária.
Só que, por exemplo, um 'cappuccino' num qualquer café de Atenas custa quase três euros.
Quase sete vezes mais do que o esforço diário de um contribuinte grego para o orçamento das instâncias europeias.