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Operação “Lex”. Dois juízes e um dirigente desportivo entre os 11 arguidos

30 jan, 2018 - 09:38

PJ fez 33 buscas, entre as quais na casa e gabinete de Rui Rangel, na SAD do Benfica e na casa de Vieira. Cinco detidos começam a ser ouvidos.

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A operação "Lex" fez 11 arguidos, entre os quais dois juízes desembargadores, Rui Rangel e Fátima Galante, e um dirigente desportivo. Fonte ligada ao processo disse à Renascença que os cinco detidos devem ser presentes a juiz do Supremo Tribunal de Lisboa nesta quarta-feira.

Esta operação foi lançada a nível nacional na terça-feira, com 33 buscas, para confirmar a eventual prática dos crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem, branqueamento, tráfico de influências e fraude fiscal qualificada.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma que foram detidas cinco pessoas e que há outras seis já constituídas como arguidos.

Entre os seis arguidos “estão dois juízes desembargadores e um dirigente desportivo”, diz a nota. Este dirigente é o vice-presidente do Benfica Fernando Tavares, segundo disse à Renascença o advogado do clube, João Correia.

"Entre os detidos estão dois advogados e um oficial de justiça, que serão presentes ao Conselheiro do STJ com funções de juiz de instrução para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coacção", diz a nota da PGR.

Rui Rangel e Fátima Galante não foram detidos. "Nos termos do artigo 16.º, nº 1 do Estatuto dos Magistrados Judiciais, a detenção de magistrados judiciais só é possível em flagrante delito", informa a PGR.

A operação “Lex” foi realizada pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e decorreu no âmbito de um inquérito que corre termos no Supremo Tribunal de Justiça, coadjuvado pelo Departamento Central Investigação e Acção Penal.

A operação incluiu buscas na casa e no gabinete do juiz desembargador do Tribunal de Relação de Lisboa Rui Rangel, na SAD do Benfica e na casa de Luís Filipe Vieira e nas casas da ex-mulher de Rui Rangel, Fátima Galante, do advogado José Sousa Martins e do seu filho.

“Este processo teve origem numa certidão extraída da designada Operação ‘Rota do Atlântico’. Estão em causa suspeitas de crimes de recebimento indevido de vantagem, ou, eventualmente, de corrupção, de branqueamento de branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal”, afirma a PGR em comunicado.

A Polícia Judiciária, através da UNCC, "realizou uma operação a nível nacional, tendente a confirmar a eventual prática dos crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem, branqueamento, tráfico de influências e fraude fiscal qualificada, no âmbito de um inquérito que corre termos no Supremo Tribunal de Justiça, coadjuvado pelo Departamento Central Investigação e Acção Penal", diz, por seu turno, a PJ.

A operação foi acompanhada por um juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça e pelo antigo procurador-geral da Justiça Souto Moura.

"Foram realizadas 33 buscas, sendo 20 domiciliárias, três a escritórios de advogados, sete a empresas e três a postos de trabalho", informa a PJ, que empregou cerca de centena e meia de investigadores na operação.

Milhares de euros em conta de "testa-de-ferro"

Há suspeitos de corrupção passiva, branqueamento de capitais e fraude fiscal por parte de Rui Rangel e Fátima Galante, de corrupção activa por parte dos empresários que beneficiaram das decisões e ainda de branqueamento por parte daqueles que serviram de "testas-de-ferro" no esquema – como o advogado Santos Martins, amigo de Rangel, que receberia subornos em nome do juiz para depois lhe fazer chegar dinheiro de forma faseada.

Segundo o "Correio da Manhã", milhares de euros terão sido depositados por José Veiga em contas de José Bernardo Santos Martins, filho do advogado.

Ainda de acordo com o mesmo jornal, a PJ terá feito uma busca a Santos Martins e descoberto talões de depósito em contas do juiz, sempre abaixo dos 10 mil euros, para fugir ao branqueamento de capitais. Também terá encontrado e-mails de Rangel a pedir dinheiro ao amigo advogado.

Benfica diz que ligações a Vieira são "frágeis"

O Benfica confirmou, durante a tarde, ter sido alvo de buscas, mas garantiu, em comunicado, que a investigação em curso "não tem por objecto" o clube.

O advogado do Benfica adiantou que a PJ levou "documentação contabilística" relacionada com algumas personalidades ligadas ao Benfica, mas não com a actividade concreta do clube.

[notícia actualizada às 11h40 de dia 31]

Comentários
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  • antirouge
    31 jan, 2018 Setúbal 22:16
    Isto é o tal polvo vermelho altamente venenoso descoberto à pouco tempo mas já velhinho a espalhar os seus tentáculos por todo o lado!
  • José Murta Lourenço
    31 jan, 2018 Lisboa 15:55
    Humildemente peço desculpa se me precipitei. Assim sim. Publicaram o meu comentário. Se a Renascença quiser que lhe apresente provas do que afirmo é só dizer. Tenho uma pasta com toda a vergonha que denuncio.
  • José Murta Lourenço
    31 jan, 2018 Lisboa 13:39
    Para vosso conhecimento acabei de publicar no facebook " Não costumo comentar notícias...mas comentei uma de hoje da RR. Perguntava eu no meu comentário a que se poderia chamar uma juíza de 1ª instancia em alegre combinação com a delegada do Ministério Público (por acaso amigas de facebook) ter decidido com "livre apreciação de prova" contra a prova produzida e depois um juiz desembargador (da Relação) ter confirmado a maquiavélica sentença (indo ao ao cúmulo de considerarem que alguém condenado por sete crimes de difamação se procurava pautar pelos "melhores exemplos", perguntava eu no comentário se isto era: "Tráfico de Influências" "Tráfico de Favores" "Cunha" ou apenas "patifaria". O comentário não foi publicado. E a que se chama denunciar a corrupção conveniente e esconder a que não convém? Lamento porque até sou há muitos anos ouvinte da RR...Tristeza. Cobardia.
  • José Murta Lourenço
    31 jan, 2018 Lisboa 13:17
    E censurar a denuncia de corrupção isso é:......
  • José Murta Lourenço
    31 jan, 2018 Lisboa 13:08
    E quando uma juíza de 1ª instancia amiga de facebook da delegada do Ministério Público interpreta "livremente a prova" mas contra a prova produzida e em recurso um juiz da Relação confirma e até vai mais longe na maquiavélica sentença, descobrindo ambos que alguém que já tinha no seu CRC 7 condenações por crimes de difamação, se procura "pautar pelos melhores exemplos", a isto chama-se "tráfico de influências", "tráfico de favores", cunha, ou patifaria?
  • Manuel
    31 jan, 2018 Moura 10:06
    Querem ver que o Bruno de Carvalho é que é o culpado do L.F.V. ter sido constituído arguido ? Isto ainda a procissão vai no adro, já há muitos anos que se sabia que o LFV estava metido em muitas trafulhices e agora o cerco começou a apertar, é pena a grande instituição que é o SLB ter pessoas destas a drigi-la.
  • Leão de Amsterdam
    31 jan, 2018 Ams 10:02
    Caros conterraneos não se passou nada ainda,enquanto o barão Vieira andar livremente pelo nosso país,mas quando descobrirem que já fugiu para Angola ou outro país sem acordo de extradição,aí sim comecem a acreditar que algo mudou na justiça portuguesa
  • antónio
    31 jan, 2018 lisboa 09:42
    Pois mas mais grave do que as testas de ferro, os desvios etc, é o facto de atualmente,nesta hora e minuto estar alguém ( um X qualquer supostamente importante mas sem sombra de dúvida bem esperto) a ter ações parecidas e com um desplante que vem sendo moda dizer " não comigo nada se passa...!!!!" Até quando é que a sociedade vai permitir estes constantes atropelos aos que com esforço trabalham e ganham justamente aquilo que muitas vezes injustamente lhes pagam?
  • V Pereira
    31 jan, 2018 Portugal 09:19
    Lamentável o título dos dragartos da SAPO, sem qualquer escrúpulos para tentar abater o GLORIOSO. Título de Testa de ferro de.... com foto do LFV. Depois os comentários dos ressabiados que em campo nada ganham a misturar, sem ler a notícia. Já agora, quem já foi constituído arguido em qualquer coisa, foi o GPS a Costa e o labrego de Alvalade. Sobre o J Veiga, já toda a gente o conhece, não foi ele que fez lavagem de dinheiro na venda do J Pinto aos lagartos e não foi o Sbóóóórtéééén que fugiu aos impostos pagando através de uma offshore?? Não é o parzidente do sbórtén que neste momento está arguido por crimes que estão a imputar ao LFV? Já metem dó, coitados.
  • Joao
    31 jan, 2018 Lisboa 08:27
    Tão interessante, este caso é muito parecido com o caso Marquês. Testa de ferro, branqueamento de capitais.... Mas neste último caso é tudo mentira porque o Sócrates é um santo e foi tramado! Já neste são todos culpados e trafulhas!

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