19 jan, 2018 - 16:00 • Maria João Costa
“É só um beijinho”. É assim que o ceramista Manuel Cargaleiro define o rótulo que desenhou para uma edição limitada de azeite da sua terra natal, Vila Velha de Ródão.
A garrafa chega agora ao mercado pela mão da Cooperativa de Azeites de Ródão que lidera há nove anos o ranking dos “Melhores Azeites de Portugal”. A edição limitada deste azeite marca também o lançamento da marca “Terras de Oiro”, com que Vila Velha de Ródão se quer dar a conhecer.
O “Oiro” é o azeite que é produzido na região, explica à Renascença o autarca de Vila Velha de Ródão, durante a apresentação do azeite em Lisboa. Luís Pereira fala deste produto que “marca a tradição da região” e que “durante o século passado todo o território de Vila Velha de Ródão era marcado pelo olival”.
Segundo o autarca, esta cultura “desenvolveu uma economia muito forte” que hoje mantém a sua expressão e que se estende também ao mundo cultural.
Vila Velha de Ródão já teve mais de 60 lagares. Visitar a localidade do distrito de Castelo Branco é também descobrir alguns dos seus museus, um deles dedicado ao azeite.
Luís Pereira, que descreve o Lagar de Varas, um dos espaços museológicos dedicado ao azeite, como “um património recuperado pela autarquia e onde as pessoas poderão ver algo que diz muito desta tradição do azeite”.
Mas há mais equipamentos culturais a visitar no concelho e um património natural para descobrir. Desde logo, indica o autarca em entrevista ao programa Ensaio Geral da Renascença, “as portas de Ródão que é um monumento natural que é também a porta de entrada no Geoparque Naturtejo”.
O autarca sugere “começar a visita pelo Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo”, onde há “vestígios arqueológicos com mais de 150 mil anos”.
Em conversa com a Renascença, Manuel Cargaleiro recorda os momentos da sua infância em que via alguns desses desenhos rupestres que admite o tenham inspirado.
“Hoje, infelizmente, estão submersas pelo Tejo mais de 25 mil gravuras com seis mil anos”, relata Luis Pereira, que sugere por isso uma visita a este Centro de Interpretação onde poderá ser apreciado aquilo que as águas esconderam.
Numa vertente mais contemporânea, Vila Velha de Ródão tem a Casa de Artes e Cultura do Tejo que, “neste momento, tem uma excelente exposição do mestre Manuel Cargaleiro” e onde “a partir de Março terá uma instalação de Pedro Barateiro, um artista de Vila Velha de Ródão”, explica o presidente da câmara.
Neste concelho do distrito de Castelo Branco, mesmo encostado ao Rio Tejo, há também o Museu do Contrabando. Situado na freguesia de Perais, “junto à zona raiana, documenta a actividade que era desenvolvida naquela freguesia”, explica o autarca Luis Pereira.
Na Foz do Cobrão, numa das aldeias de xisto há também um Núcleo Museológico do Linho e da Tecelagem para visitar. “Motivos não faltam para ir até Vila Velha de Ródão e perceber o que foi aquele território e a nossa riqueza histórica”, conclui o presidente Luis Pereira.