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Filhos de antigo embaixador do Iraque acusados de tentativa de homicídio

18 jan, 2018 - 12:40

Caso remonta a Agosto de 2016. Rúben Cavaco foi espancado em Ponte de Sor pelos gémeos filhos do diplomata que tinham, na altura, 17 anos.

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O Ministério Público (MP) deduziu acusação contra os filhos do antigo embaixador iraquiano em Portugal por tentativa de homicídio do jovem Rúben Cavaco, em Agosto de 2016, em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.

A acusação foi divulgada no site do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Évora, sem identificar os arguidos, mas fontes judiciais confirmaram à agência Lusa que são os filhos do antigo embaixador do Iraque em Portugal.

“Em inquérito cuja investigação correu termos no DIAP de Évora, o Ministério Público deduziu acusação para julgamento por tribunal colectivo contra dois arguidos, imputando-lhes a prática de um crime homicídio na forma tentada”, pode ler-se no comunicado.

As mesmas fontes judiciais explicaram à Lusa que o processo de investigação foi encerrado e que foi proferido o despacho de acusação, aguardando-se que os arguidos sejam notificados.

Às portas da morte

O caso aconteceu a 17 de Agosto de 2016, quando Rúben Cavaco foi espancado em Ponte de Sor pelos filhos do embaixador do Iraque em Portugal, Haider e Ridha, gémeos que tinham na altura 17 anos.

O jovem sofreu múltiplas fracturas, tendo sido transferido no mesmo dia do centro de saúde local para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e chegou mesmo a estar em coma induzido. Acabou por ter alta hospitalar no início de Setembro de 2016.

Segundo a acusação, os arguidos, "na sequência de uma discussão e confrontos físicos anteriores, agrediram de forma violenta a vítima, derrubando-a e atingindo-a com murros e pontapés direccionados em especial à cabeça e à face, deixando-a inanimada e só devido à pronta intervenção médico-cirúrgica não sobreveio a morte".

Os dois filhos do embaixador tinham imunidade diplomática, ao abrigo da Convenção de Viena, e o Governo português pediu ao Iraque, por duas vezes, o levantamento desta imunidade para que os jovens pudessem ser ouvidos em interrogatório e na qualidade de arguidos sobre o caso das agressões.

Em ambas as situações, as autoridades iraquianas “suscitaram questões jurídicas” e acabaram por retirar, em 2017, o então embaixador em Lisboa.

O número 2 do artigo 39.º da Convenção de Viena, consultado pela Lusa, refere que “quando terminarem as funções de uma pessoa que goze de privilégios e imunidades, esses privilégios e imunidades cessarão normalmente no momento em que essa pessoa deixar o país ou quando transcorrido um prazo razoável que lhe tenha sido concedido para tal fim, mas perdurarão até esse momento, mesmo em caso de conflito armado”.

“Todavia, a imunidade subsiste no que diz respeito aos actos praticados por tal pessoa no exercício das suas funções como membro da missão”, acrescenta o mesmo artigo.

Fortes indícios

Os autos do processo, consultados em Janeiro de 2017 pela Lusa no DIAP de Évora, referem que há fundada suspeita e fortes indícios de que os irmãos Haider e Ridha tenham praticado um crime de homicídio na forma tentada.

Um dos irmãos saiu do automóvel e foi atrás de Rúben Cavaco, agarrando-o, e o outro também saiu da viatura pouco depois, tendo ambos feito cair o jovem no chão e agredindo-o com violência, com murros e pontapés, principalmente na zona da cabeça e da face, relatam os autos.

O documento menciona que os dois irmãos iraquianos continuaram as agressões mesmo quando a vítima, caída no chão, deixou de se mexer e que só pararam quando uma testemunha e trabalhadores de limpeza do município se aproximaram do local.

Nos autos do processo consta o único depoimento dado à GNR por um dos suspeitos, em que Ridha se queixa de terem sido vítimas de agressões horas antes e nega a existência de atropelamento e da intenção de matar o jovem de Ponte de Sor.

No seu depoimento, Rúben Cavaco afirma lembrar-se de uma luta entre todos no exterior de um bar em Ponte de Sor, não sabendo dizer quem começou, mas não se recorda das agressões de que foi vítima.

O inquérito foi dirigido pelo DIAP de Évora, coadjuvado pela Polícia Judiciária.

Comentários
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  • Filipe
    19 jan, 2018 évora 00:47
    Mais uma patifaria agora do DIAP de Évora , armado em capanga do KGB , deixou passar tanto tempo e agora é que diz quem manda é ele . Se os factos foram logo presentes na altura e mesmo antes de ser paga qualquer valor de compensação , deveria o DIAP ter acusado , o que lhe faltava ? Vagar ? Deixou fazerem as pazes , pois se tivessem em desacordo não teriam aceitado o valor de mais de 40 mil euros de indemnização e iriam esperar os trâmites do processo . Arranjaram chatice em Timor e foram expulsos uns quantos malfeitores da justiça Portuguesa , depois Angola , agora o Iraque ... podem ir de submarino buscar os filhos do embaixador ... ou mandem uma fragata , um drone e um F16 em missão de assalto , incompetentes !
  • Vasco
    18 jan, 2018 Viseu 17:17
    É só aguardar no aeroporto que eles venham cá passar férias, e nessa altura, pimba, é só deitar-lhes a mão, até lá tenham fé e paciência!
  • Eh pá!
    18 jan, 2018 do cemitério 14:32
    E se fosse os seguranças da discoteca não se fazia justiça? Que comparação mais idiota!
  • Urban Beach
    18 jan, 2018 Lisboa 13:42
    Tiveram azar, são iranianos. Se ao menos fossem seguranças de discoteca.

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