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Bispo sírio escapa a morteiro porque foi à casa de banho

12 jan, 2018 - 17:11

Vários edifícios cristãos foram atingidos por morteiros na passada segunda-feira, mas não houve mortos. Damasco continua sujeita a violência diária.

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Um bispo sírio escapou “por milagre” a um morteiro que lhe caiu no quarto.

O arcebispo Samir Nassar, da Igreja Maronita, estava a fazer uma sesta a meio da tarde quando se levantou para ir à casa de banho. Poucos segundos depois um morteiro caiu-lhe no quarto, causando danos estruturais graves e enchendo a cama de estilhaços.

“Fui salvo por uma questão de segundos”, diz o arcebispo, numa nota enviada à fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a que a Renascença teve acesso.

O arcebispo diz que os funcionários e restantes padres do edifício vieram a correr quando ouviram o estrondo e pensaram que ele tinha morrido quando perceberam que o morteiro tinha caído precisamente no seu quarto. “Choraram de alegria quando me viram sair do fumo e dos escombros”, escreve.

Os danos causados obrigam o arcebispo a procurar outro sítio para viver, levando-o a identificar-se com os outros sírios que tudo perderam na guerra civil que já dura há mais de seis anos. “A providência cuidou deste seu pequeno servo, mas agora estou exilado como 12 milhões de refugiados sírios que perderam tudo”.

Pelo menos 10 morteiros caíram em Damasco na segunda-feira, a maioria em zonas tradicionalmente cristãs. O Patriarcado da Igreja Melquita, a principal igreja da Síria, que tal como a maronita está em comunhão com Roma, ficou danificada. O edifício localiza-se na Rua Direita, precisamente a mesma que é mencionada no Novo Testamento, onde São Paulo terá ficado quando visitou Damasco e onde se converteu ao cristianismo.

Também foi atingido o convento das Irmãs de Jesus e de Maria. A irmã Annie Demerjian diz que ela e as outras freiras sobreviveram apenas “pela providência divina”, mas pediu orações pelas sete pessoas que ficaram feridas nestes bombardeamentos e que se encontram no hospital.

O regime de Damasco tem alcançado importantes vitórias sobre os rebeldes em vários pontos do país, consolidando o seu poder, mas continuam a existir pequenos enclaves rebeldes em Damasco ou nos arredores, de onde são disparados por vezes morteiros sobre a cidade.

Falando sobre os extensos danos causados no edifício da arquidiocese, Samir Nassar conclui que actualmente na Síria “a violência é a única mestra, há inocentes a serem sacrificados todos os dias”.

Comentários
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  • abade
    13 jan, 2018 leiria 12:08
    Foi a sorte dele, senão, borrava-se todo !
  • O Tal
    12 jan, 2018 Por Aí 18:24
    Foi milagre!!!
  • Luis Ribeiro
    12 jan, 2018 Viana do Castelo 17:52
    Foram os rebeldes apoiados e armados pelos americanos e países ocidentais? É o vale tudo, só pergunto! em nome de quê e de quem?

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