Tempo
|
A+ / A-

Indemnizações dos incêndios. “Se calhar é melhor esperar sentada”

10 jan, 2018 - 09:42

O dinheiro já deveria ter chegado, mas os agricultores dizem que ainda não receberam nada. CTT reforçam atendimento para levantamento de vales postais.

A+ / A-

Em Melo, freguesia do concelho de Gouveia e uma das afectadas pelos incêndios de Outubro, dezenas de agricultores afectados anseiam pela chegada do pagamento das indemnizações, seja na conta seja por vale postal.

“O que interessa é chegar”, dizem. Grande parte ainda não recebeu o pagamento prometido pelo Estado e, de acordo com os CTT, a totalidade dos pagamentos por vale postal vai ser emitida esta quarta-feira.

Porque o pior já passou, o casal Marcelino da Costa, 78 anos, e a esposa Aida Ferreira, 77, dizem que continuam à espera dos 545 euros a que sabem ter direito, através de uma carta que receberam em Dezembro.

“Se calhar é melhor esperar sentada, ainda não chegou nada”, diz Aida.

“Nós temos conta bancária, mas estamos responsáveis por processos de outros vizinhos que nos passaram procurações, e [cujos pagamentos] chegarão por via postal. Mas nem uns nem outros receberam”, acrescenta Marcelino.

Os 545 euros que o casal aguarda não chegam para os prejuízos causados pelos incêndios: “Isto não dá para pagar as 50 oliveiras que arderam, os pinheiros e as mimosas”.

“O fogo chegou mesmo à porta de casa, houve muita gente lesada, prejuízos muito grandes”, contam. “No nosso caso, à volta dos 1500 euros”.

“Vou falar com o meu filho e se ele não quiser voltar a plantar as oliveiras, abandono tudo”, afirma, desmoralizado, o agricultor.

“Eles têm que pagar. Até fui a uma sessão de esclarecimento a Gouveia, tratei de tudo e assinei tudo. Se não chegar o dinheiro, vou reclamar”, garante à Renascença.

Mais de seis mil agricultores não têm conta bancária, pelo que receberão os valores das indemnizações, correspondentes a 75% do valor a que se candidataram, por vale postal ou cheque carta.

Os que têm conta no banco terão começado a receber o dinheiro por transferência bancária no dia 29 de Dezembro, segundo o Governo.

CTT reforçam atendimento nos concelhos afectados

Os CTT vão reforçar, entre esta quarta-feira e sexta, a capacidade de atendimento nos concelhos mais afectados pelos incêndios florestais. O objectivo é responder ao aumento esperado da afluência de clientes para pagamento de vales postais com indemnizações a agricultores.

Em comunicado, os Correios de Portugal referem que foi aumentado “o número de comerciais no atendimento nos seus pontos de acesso, deslocada uma loja móvel de reforço para Carregal do Sal e prolongado o horário de 16 pontos de acesso CTT até à próxima sexta-feira”.

Passam, assim, a encerrar uma hora mais tarde (19h00) os pontos de acesso CTT em Arganil, Canas de Senhorim, Carregal do Sal, Mortágua, Oleiros, Oliveira de Frades, Nelas, Penacova, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Seia, Tábua, Tondela, Vila Nova de Poiares e Vouzela.

Em Oliveira do Hospital, o posto vai encerrar às 20h00.

“Dada a concentração num curto espaço de tempo de um número atípico de operações, que podem exceder a capacidade de atendimento de alguns balcões, mesmo com o reforço agora introduzido, os CTT lembram os beneficiários de que podem proceder ao recebimento dos seus vales em data posterior a esta quarta-feira e em qualquer ponto de acesso CTT”, referem os Correios de Portugal.

“Como sempre esteve previsto, os vales postais com estas indemnizações (e que contêm a data desta quarta-feira) estão desde esta manhã a ser distribuídos pelos CTT, como previamente articulado com o IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, e entram também hoje a pagamento em qualquer um dos cerca de 2.300 pontos de acesso CTT ou para depósito bancário”, concluem.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • 10 jan, 2018 Lisboa 11:53
    SIRESP contrato ruinoso para o país!!!!...quem o fez, quem o assinou não é julgado?? não é obrigado a indemnizar nada nem ninguém?? Não há culpados?? a justiça?? está de férias? existe?? Vivemos num país do faz de conta, de novelas para fazer chorar as pedras da calçada!!! MAIS COMENTÁRIO PARA SER CENSURADO!!!
  • J Simões
    10 jan, 2018 Lisboa 11:04
    Esta é mais uma conversa da treta! E já agora quando se inicia o processo judicial de "incriminação" dos responsáveis pelas mais de cem mortes? O Sr. Ministro das Finanças, por exemplo, ficará impune? Afinal é ele o principal responsável: trocou vidas de pessoas por redução do déficit. E continua a rir-se, acompanhado do ACosta. Assim não há Governo (nem País!) que seja levado a sério.
  • K
    10 jan, 2018 Lisboa 10:37
    Se calhar foi preciso para pagar os festejos da passagem de ano..... Mas mais ano menos ano acabará por chegar..... Pode ser menos do que o previsto, mas acabará por chegar...... E sim, convém esperar sentado...

Destaques V+