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António Costa

Saída de Joana Marques Vidal? "Interpretação jurídica" da ministra da Justiça não vincula Governo

09 jan, 2018 - 15:30

Primeiro-ministro tende a concordar com mandato único, mas afirma que Governo ainda não discutiu tema. PSD diz que Costa desautorizou ministra e quer "condicionar" PGR.

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O primeiro-ministro afirmou, esta terça-feira, no debate quinzenal, no Parlamento, que o Governo ainda não tomou qualquer decisão sobre o futuro da procuradora-geral da República (PGR), mas admitiu concordar com a opinião da ministra da Justiça de que se trata de um mandato único.

O assunto foi levantado pelo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, que lançou o debate questionando o primeiro-ministro sobre a continuidade de Joana Marques Vidal no cargo, tendo por base as declarações da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, à TSF.

Sobre a posição expressa pela ministra da Justiça, António Costa disse tratar-se de uma “interpretação jurídica pessoal”.

“Se me pergunta, tenderei a dizer que a interpretação da ministra da Justiça está correta, mas é absolutamente prematuro discutir o tema, não vou assumir em nome do Governo uma posição que o Governo não analisou”, assegurou.

"O Governo não deixará de ouvir os diferentes partidos com representação parlamentar e no momento próprio o devemos discutir. É errado estar a discuti-lo neste momento. A senhor procuradora-geral está em plenitude de funções, a antecipação do debate sobre o seu futuro não fortalece o exercício das suas funções", declarou o primeiro-ministro.

“O calendário impõe que essa decisão tenha de ser tomada em Outubro e, como é próprio da Constituição, decorre de um diálogo entre Governo e Presidente da República. Nunca direi nada em público sobre o futuro do Ministério Público, sobre o futuro da actual PGR, sem que fale primeiro com o Presidente da República”, afirmou o primeiro-ministro, que assegurou que ouvirá também os grupos parlamentares.

PSD: Costa desautorizou ministra

Para o líder parlamentar do PSD, o primeiro-ministro deixou claro que "aquilo que a senhora ministra da Justiça disser daqui em diante vale zero".

Hugo Soares acusou o Governo de querer "condicionar" Joana Marques Vidal. “Os senhores querem mesmo mudar a senhora procuradora porque não gostaram do mandato, livre, competente, determinado que exerceu”. E reforçou: "Há um antes e um depois da doutora Joana Marques Vidal na Procuradoria-Geral da República, é a primeira vez que a justiça mostrou que não é diferente com os fortes e com os fracos, com grandes e pequenos."

António Costa fez, então, uma alusão indirecta ao processo da Operação Marquês, o processo mais mediático do mandato de Joana Marques Vidal, no âmbito do qual é arguido o antigo primeiro-ministro socialista José Sócrates.

“É difícil encontrar alguém que, ao longo de toda a sua vida, mais escrupulosamente tenha respeitado a autonomia do Ministério Público do que eu próprio, em circunstâncias bem difíceis, por vezes com grande incompreensão de pessoas que são minhas amigas, camaradas, e pessoas com quem tive a honra de trabalhar. Mesmo assim, sempre separei o que é a política do que é a justiça e essa é uma linha de que nunca me afastarei”, afirmou Costa.

Hugo Soares questionou, por várias vezes, o primeiro-ministro sobre o acordo de revisão constitucional assinado entre PS e PSD em 1997, quando António Costa era líder parlamentar socialista.

De acordo com presidente da bancada social-democrata, nessa altura foi acordado que os mandatos dos juízes do Tribunal Constitucional teriam nove anos, não renováveis, e que o do PGR seria de seis anos “sem limitação de renovações”.

“Não há limitação de mandatos para nenhum órgão que não esteja expressamente previsto na lei”, defendeu.

Procuradora do caso Sócrates fica "fragilizada"
Procuradora do caso Sócrates fica "fragilizada". A opinião de Graça Franco, directora de Informação da Renascença
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  • Eulália Rodrigues
    09 jan, 2018 Loures 21:26
    A Dra Joana Marques Vidal só tem de continuar a fazer seu trabalho.
  • Joaquim Martins Augu
    09 jan, 2018 Alges 20:52
    A PGR era na data dos crimes cometidos pela seita IURD com as crianças a Coordenadora dos Tribunais de Menores. Então ela não é culpada daquilo que os juízes fizeram?
  • A. Rodrigues
    09 jan, 2018 Lisboa 20:38
    O que o costa quer é colocar lá alguém que mande arquivar os processos que correm contra os seus amiguinhos. E que a justiça volte a ser só para apanhar os mais fracos. Os crimes dos poderosos, ricos e políticos ficam esquecidos, sobretudo se forem P. S. ou se se apoiarem o partido.
  • 09 jan, 2018 20:00
    Qual o interesse da opinião de uma tal de Graça Franco?
  • A Mim Me Parece
    09 jan, 2018 19:48
    Se o tonto de um Ministro da Cultura deste (des)governo foi mandado para casa (e muito bem) por ter dito que lhe apetecia dar duas bofetadas num determinado jornalista/escritor alcoólico, não entendo que não aconteça nada quando uma pateta de uma Ministra da Justiça, que só o é por ser angolana e chamar-se Van Dunen, "dá" duas bofetadas na Procuradora-Geral da República que tem cara de abstémia e... tem feito o trabalho que todos sabemos. Parece-me que estamos entregues aos bichos...
  • 09 jan, 2018 19:29
    Concordo plenamente que esta Sra deve abandonar o cargo para não prejudicar o inquérito . Para bem ser devia-se demitir,se era ela a coordenadora
  • JC
    09 jan, 2018 Caparica 18:47
    Mas o governo é obrigado a gostar da actuação desta senhora, ou a nomeá-la para um 2º mandato, não não é. Costa podia era fazer o mesmo que Passos fez com o Governador do BP, ou seja, proponha um novo mandato em troca de um favorzinho !!!
  • Neves Moita
    09 jan, 2018 Moita 18:42
    Com esta atitude da ministra,evitável,cai uma nuvem de suspeição num momento tal especial para a justiça com os diversos casos mediaticos.
  • Carlos Costa
    09 jan, 2018 Santarem 18:32
    Com decisões políticas como esta,começo a ter medo da justiça em Portugal!!!!!
  • Carlos Costa
    09 jan, 2018 Santarem 18:29
    O monhé está a começar a safar o seu chefe,o 44!!!!!

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