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​O federalismo e a degradação dos estados

29 dez, 2017 - 06:17

Aceitar a degradação que os federalistas querem impor é matar Portugal.

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Um dos aspectos mais chocantes do federalismo europeu – principalmente na forma daqueles que, como Martin Schulz defendem a criação dos Estados Unidos da Europa – é a proposta de degradar o estatuto dos estados membros da União Europeia, que são estados soberanos como tal reconhecidos pela comunidade internacional, a meros estados federados sem representação internacional, equiparáveis ao Nebraska ou a um qualquer cantão suíço.

Penso que, felizmente nenhum eleitorado europeu está disponível para aceitar um dislate destes e certamente que muito do crescimento da extrema-direita nacionalista na Europa tem a ver com a rejeição deste tipo de propostas.

Repare-se que não estamos a falar de algo longínquo no futuro. Já hoje, o Tratado de Lisboa, na sua modalidade de Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia estipula (artigo 138º n.2) que o Conselho sob proposta da Comissão pode adoptar as medidas adequadas para assegurar uma representação unificada (negrito meu) nas instituições e conferências financeiras internacionais. E, acrescento eu, a decisão nem sequer exige unanimidade.

Esta disposição refere-se aos estados do euro, que são assim degradados a meras províncias.

Nenhum estado membro deve aceitar tal coisa. Mas se há estado que nunca o poderá fazer é Portugal. A cultura portuguesa, a sua universalidade, só foram e são possíveis porque somos um estado reconhecido internacionalmente e sob formas diversas sempre o fomos com a excepção (mesmo assim parcial) do tempo dos Filipes com as consequências que conhecemos.

Aceitar a degradação que os federalistas querem impor é matar Portugal.

E pensar, como alguns pretendem, que é possível um federalismo europeu preservando o estatuto de estados soberanos membros da comunidade internacional revela um total alheamento da realidade ou uma pura e simples má-fé.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    30 dez, 2017 TERRADOMEIO 17:12
    Teoricamente, não me repugna a ideia de uma confederação europeia (não uma federação, mas uma confederação). Aliás, parece-me até que deveria ser esse o mais desejável destino histórico, a bem da paz, da fluidez económica e da consolidação dos valores demo-liberais. O que o articulista diz sobre a cultura e etc. e tal de Portugal aplica-se directamente a qualquer outro estado... e muito mais a outros estados, até. Era quase normal, até há bem poucos anos, que estrangeiros supusessem Portugal como parte da Espanha - sendo que todos sabiam perfeitamente onde ficava Espanha. E que país mais conhecido ou reconhecido (cultura, universalidade, tudo isso que diz) do que a Grécia? E, no entanto, coitados dos gregos, veja lá do que é que isso lhes serviu. O problema não está numa eventual perca da identidade histórica ou do reconhecimento internacional, mas sim na pura e simples normalização e aceitação da subjugação económica que já existe de facto. Em nome da eficácia e do bem comum da Grande Nação Europeia (leia-se Alemanha), que papel caberia ao débil Portugal? Reserva de mão-de-obra, indústrias poluentes no desertificado interior, iberização (leia-se espanholização) da banca, da agricultura, das pescas, do turismo? Nada, mas rigorosamente nada, do que vem sendo feito e dito me faz esperar coisa diferente, muito pelo contrário. A má-fé política na UE nem cuida de hipocrisias, nem isso merecemos. A mais elementar prudência aconselha a que antes pobres, mas a mandar na nossa casa.
  • Ema
    29 dez, 2017 Planeta Terra 14:26
    Desde que o federalismo me dê conforto e barriga cheia, numa sociedade mais justa, tudo bem. Se acaso um estado federado não estiver contente e por referendo quiser abandonar a dita federação, deverá poder faze-lo.
  • Francisco Torres
    29 dez, 2017 Viana do Castelo 12:12
    Até que enfim que alguém assume o actual projecto europeu, será a perda de soberania, identidades e passarmos a meros arrumadores das cadeiras dos burocratas eurostalinistas não eleitos de Bruxelas, que estão ao jugo das elites globalistas e seus aliados muçulmanos!!!

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