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Papa pede a bispos e cardeais que evitem o “cancro” dos complôs e intrigas

21 dez, 2017 - 11:54

Francisco avisou que uma cúria fechada sob si mesma trai o objectivo da sua existência, que é de transmitir ao mundo a vontade do Papa e ao Papa as preocupações do mundo.

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Papa. “Fazer reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egipto com uma escova de dentes”
Papa. “Fazer reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egipto com uma escova de dentes”

O Papa voltou a referir-se às divisões e intrigas no seio da Igreja como um cancro, esta quinta-feira, no tradicional discurso de Natal aos cardeais, bispos e membros da cúria romana.

“É preciso superar a lógica dos complôs e dos pequenos grupos que, na realidade, são um cancro, que leva à auto-refencialidade que se infiltra nas instituições e nas pessoas que lá trabalham”, disse o Papa.

Durante o habitual encontro para os cumprimentos de Natal, na Sala Clementina, Francisco falou uma vez mais da reforma da Igreja e provocou uma gargalhada espontânea quando, ao citar uma frase de um bispo belga do Século XIX, Xavier de Mérode, afirmou que “fazer reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egipto com uma escova de dentes”.

Outro dos perigos denunciados pelo Papa são os traidores da confiança, ou os que se aproveitam da igreja. Francisco disse referir-se a pessoas escolhidas para reforçar a reforma da Igreja, mas que “se deixam corromper pela ambição ou vanglória e, quando são afastadas, declaram-se erradamente mártires do sistema, queixam-se de que o Papa não está informado, ou da velha guarda”.

Francisco recorda que a universalidade da Cúria romana, deriva da catolicidade do ministério de Pedro, por isso, deve estar ao serviço de todos, sob pena de “uma Cúria fechada trair o objetivo da sua existência”, “condenando-se à autodestruição”.

Para o bem e serviço da Igreja, o Papa considera ainda que estes organismos da Cúria devem ser como “antenas fiéis e sensíveis”, simultaneamente emissoras e receptoras.

Estas antenas emissoras servem para “transmitir fielmente a vontade do Papa e dos seus superiores” e receptoras, para “captar instâncias, pedidos, gritos, alegrias e lágrimas das Igrejas e do mundo, para as transmitir ao Bispo de Roma”.

No final do seu discurso o Papa debruçou-se um pouco mais especificamente sobre o significado do Natal, descrevendo-o como a “festa da fé” por excelência. “No Natal recordamo-nos que uma fé que não nos coloca em crise é uma fé em crise; uma fé que não faz crescer é uma fé que precisa de crescer; uma fé que não se interroga é uma fé sobre a qual nos devemos interrogar; uma fé que não anima é uma fé que deve ser animada; uma fé que não desconcerta é uma fé que deve ser desconcertada.”

Depois deste discurso, feito aos elementos da Cúria, que são sobretudo clérigos, o Papa recebeu em audiência os funcionários civis do Vaticano, a quem também falou.

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