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Costa quer melhores salários e não faz "regateio social" com patrões

20 dez, 2017 - 22:26

As empresas têm de oferecer melhor emprego para não perderem o comboio da competitividade, afirma o primeiro-ministro.

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O primeiro-ministro, António Costa, diz que não faz “regateio social” quando se trata de aumentar o salário mínimo.

No jantar de natal do grupo parlamentar do PS, António Costa defendeu que as empresas têm de oferecer melhor emprego para não perder o comboio da competitividade.

"As empresas só conseguirão ficar a geração jovem mais qualificada que o país tem se oferecerem melhores condições de trabalho. Se os jovens portugueses continuarem a achar que partindo [do país] conseguem melhores oportunidades do que cá, então será muito difícil às empresas fixarem esses recursos humanos. E se não os fixarem não vão conseguir ser competitivas", declarou.

Depois, António Costa deixou um recado directo às confederações patronais: "Quando querem regatear o salário mínimo nacional, nós dizemos que queremos concertação social, mas não fazemos regateio social".

De acordo com o primeiro-ministro, o modelo do Governo "não é o país dos baixos salários, porque esse modelo não tem futuro no século XXI".

Na sua intervenção, o secretário-geral do PS rejeitou também críticas ao facto de os orçamentos deste Governo não contemplarem medidas como a descida do IRC, contrapondo que as empresas "devem perceber o futuro em que vão participar".

"Um orçamento amigo das empresas não é o que baixa o IRC, mas aquele que as apoia a fazer os investimentos que têm de fazer para poderem inovar, modernizar-se e melhorar os seus recursos humanos, sendo mais produtivas e competitivas. Este Orçamento ajuda as empresas a terem mais capitais próprios e a dependerem menos da banca. Temos de ter empresas do século XXI e não empresas que queiram viver à custa de baixos salários", frisou.

A primeira parte da intervenção do primeiro-ministro foi dedicada a salientar a ideia de que "este é um Governo do PS", com as marcas deste partido, embora seja suportado também no parlamento pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e pelo PEV.

"Este Governo reforçou a presença de Portugal no euro, retirou o país do Procedimento por Défice Excessivo e está a retirá-lo também da vergonhosa classificação de lixo" por parte das agências de 'rating', apontou ainda António Costa.

O primeiro-ministro também assumiu que o desafio para 2018 é fazer tudo o que for possível até ao Verão para que não se repitam as tragédias dos incêndios.

A "grande exigência" do combate aos incêndios

No jantar de Natal do grupo parlamentar do PS, António Costa falou dos grandes incêndios de Junho e Outubro como "duas catástrofes naturais" para as quais é preciso ter resposta a vários tempos.

Para além das medidas urgentes, considera que é preciso persistência para levar até ao fim as reformas necessárias para ultrapassar os problemas estruturais da floresta e do interior.

Mas a primeira das exigências de 2018 é dotar o país de um sistema eficaz de Protecção Civil, defendeu.

"2018 vai ser para nós todos um ano de grande exigência para concretizar aquilo que não podemos deixar de concretizar, para chegarmos ao Verão com um sistema de segurança, prevenção e combate aos incêndios mais eficaz do que temos hoje, de fazermos avançar mesmo a reforma da floresta, de investirmos efectivamente na revitalização do interior."

António Costa disse aos deputados socialistas que também é preciso dar "continuidade às boas políticas que nos têm permitido obter bons resultados".

"Podemos e devemos estar satisfeitos com a redução da taxa de desemprego, mas temos de estar insatisfeitos por ainda haver 400 mil portugueses desempregados", frisou o primeiro-ministro.

Comentários
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  • Ze Fala Barato
    28 fev, 2018 Oslo 00:05
    SIM os empresarios continuam a pagar pouco, a lucrar muito e a esconder tudo para nao pagar impostos alguns.O problema e mundial mas mais acentuados em certos paises.Se as riquezas deste planeta fossem repartidas chegava para todos ,ninguem passaria fome.Infelizmente os egoistas criaram a moeda e mais tarde o dinheiro .Temos urgentemente de equilibrar salarios .Cortar a quem ganha muito para entregar a quem ganha menos.Liberté, Egalité, Fraternité foi um sonho de quem lutou ,mas nao passou de um sonho...
  • Rui
    21 dez, 2017 Lisboa 10:28
    O problema não é os salários baixos é serem demasiado baixos, quando a população não tem dinheiro para investir em alimentação de qualidade ou saúde de uma forma ou doutra vamos todos pagar por isso, para além que verdade seja dita como consegue uma empresa ser competitiva com baixos salários que aumentam o défice de produção, gostava que me explicassem isso.
  • Cidadao
    21 dez, 2017 Lisboa 09:46
    O patronato por cá, é tudo Nuno Carvalho-Padaria Portuguesa. A dita "competitividade" para eles é salários irrisórios alívio de impostos legislação laboral=escravatura legalizada. Reinvestir nas Empresas, organizar Trabalho, investir na qualificação de pessoal, procurar novos produtos, nicles. Só a escravatura interessa. Ainda não perceberam que a poucas horas de avião daqui, há países que recebem de braço abertos a nossa mão-de-obra qualificada. Dão-lhes integração nas Empresas e em grupos de trabalho, dão-lhes salários que por cá só os Administradores de topo têm, apostam nos funcionários com cursos de formação, chances de progredir na carreira e claro, o devido respeito, coisa que por cá não existe. Admiram-se de a juventude qualificada se pôr a andar daqui para fora? É que por cá, querem mão-de-obra qualificada, não lhe querem é pagar. E depois querem que sejamos a Venezuela da Europa...
  • Jorge
    21 dez, 2017 Conchinchina 01:57
    Ele sabe tudo, só que não abre uma empresa para fazer tudo como ele diz . Pensa que é só aumentar salários, acha que os preços das coisas ficam como estão. Aumentam sala´rios aumenta tudo.
  • almague
    20 dez, 2017 Lisboa 23:52
    Muito bem Dr. Costa. Os empresários habituaram-se a coberto do Passos a cortarem salários e a não aumentarem salários durante 4 anos e foi vê-los a ter lucros de milhões e milhões de euros.à custa dos salários que eram já baixos e continuaram cada vez mais baixos e os lucros anuais das empresas a aumentarem aos milhões de euros. Claro que esta situação não foi verificada em todas as empresas: micro, PMEs. Mas dou exemplo de três :SONAE - CELEIRO - PINGO DOCE.. Nestas empresas espalhadas a nível nacional empregam milhares de portugueses, mas apresentam lucros anuais de milhões e milhões de euros, pagando salários baixos. Os empregados de caixa ganham o salário mínimo, os licenciados com funções especificas e qualificadas e de responsabilidade recebem por mês ilíquido à volta de mil euros. Nuns casos não chega a mil euros, noutros casos vai até mil e duzentos euros . Portugal parece a China e a Venezuela em matéria de salários. Depois vêm as ordens da UE e perguntamos: mas nós pertencemos à UE? Com estes salários miseráveis? Perguntem aos senhores empresários e aos senhores patrões, que agora querem ser eles os donos disto tudo. Nem no tempo de Salazar se verificou esta discrepância de salários. Sem desrespeito pelo trabalho dos não licenciados, poderei dizer que os licenciados no nosso país são desrespeitados e desprestigiados pelos baixos salários que auferem. Mas os senhores patrões é à custa de todos os trabalhadores, que têm os lucros anuais de milhões e milhões de euros.
  • Zé Danado
    20 dez, 2017 Patolândia 23:49
    De 557 para 580 representa um aumento de cerca de 4%. - Ora só a Vodafone aumentou os seu serviço de 16%, e outros serviços e bens de tipo indispensável também já anunciaram aumentos do género. Assim, sr. Kosta, a quem pretende vocemecê enganar?
  • Maria
    20 dez, 2017 Porto 23:19
    Agora também já decide nas empresas. Quer dizer já começa a ser o "Patrão de Todos"... Valha-nos Deus. ...

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