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Três em cada quatro portugueses sentem frio dentro de casa

18 dez, 2017 - 18:29

Inquérito da Quercus revela deficiências ao nível do isolamento nas casas portuguesas. Apenas 1% dos inquiridos diz que a casa tem uma boa temperatura o ano todo.

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Somente um em cada cem portugueses considera a sua casa termicamente confortável, enquanto quase três quartos dizem ter frio dentro de casa, levando a elevados gastos de energia no aquecimento, segundo um inquérito divulgado pela Quercus.

Dos cerca de mil inquiridos, 74% consideram as suas casas frias no inverno, 25% dizem que são quentes no verão e apenas 1% refere que a sua casa é termicamente confortável e, por isso, os gastos de energia para colmatar as necessidades de aquecimento são elevados, refere a informação apresentada esta segunda-feira.

O inquérito foi lançado pelo Portal da Construção Sustentável em colaboração com a Quercus e realizado entre Fevereiro e Agosto de 2017 com o objetivo de perceber se os portugueses consideram a sua casa fria, quente ou confortável.

Dos portugueses que apontam ter a sua casa fria no inverno, 35% recorrem a mais roupa e mais equipamentos para se aquecerem, 21% têm equipamentos para esse fim e 20% só fazem uso de mais vestuário.

No caso dos inquiridos que consideram a sua casa fria, 21% referem haver "um aumento significativo" de energia – de quase o dobro – para manter o conforto, 37% dizem não possuir qualquer isolamento em casa, quase a mesma percentagem daqueles que diz não saber se a sua casa possui isolamento (35%).

A maioria habita edifícios construídos entre 1980 e Abril de 2004, a maior parte com vidros duplos nas janelas, mas não possuem caixilharias com ruptura térmica, "o que de nada adianta a eficiência do vidro", segundo os ambientalistas.

A Quercus recorda que, em 2003, uma investigação realizada pela Universidade de Dublin concluía que Portugal é um dos países da União Europeia (UE) "onde mais se morre por falta de condições de isolamento e aquecimento nas casas".

No inquérito agora divulgado pela associação, entre os inquiridos que têm frio em casa, quase um quarto diz haver no seu lar pessoas com problemas de saúde devido ao desconforto térmico, principalmente respiratórios e alergias.

"É nos edifícios que passamos cerca de 90% dos nossos dias", realça a Quercus, por isso, considera que os decisores governamentais e os municípios devem tentar perceber como evitar o desconforto térmico.

A associação aponta o poder de compra dos portugueses e "a electricidade mais cara da Europa" para referir ser "natural que tendam a recorrer a apenas mais roupa" para enfrentar o frio em casa.

Para os ambientalistas, deviam ser definidas políticas locais que beneficiem a reabilitação sustentável dos edifícios existentes, apostando no isolamento para que o calor gerado dentro de casa se mantenha.

"É preciso criar instrumentos efetivamente eficazes, que informem convenientemente os portugueses e que sejam uma obrigatoriedade", salientam.

A Quercus lembra que a eficiência energética, "além de uma necessidade evidente, é uma obrigatoriedade" estipulada na directiva europeia sobre o desempenho energético dos edifícios.

Esta obriga a que a partir de 1 de Janeiro de 2019 os novos edifícios públicos, e de 1 de Janeiro de 2021, os particulares tenham necessidades quase nulas de energia.

Como 40% do consumo total de energia na UE corresponde aos edifícios, segundo a Quercus, o aumento da sua eficiência energética é uma das medidas necessárias para reduzir a dependência energética e para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa.

Comentários
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  • Filipe
    22 dez, 2017 Lisboa 11:03
    Normal, a grande maioria dos portugueses vive em patos-bravos horriveis nos subúrbios feitos por engenheiros incompetentes para vender o mais rapidamente possível sem preocupações mínimas a nivel de eficiência energética. As gerações futuras que se lixem...
  • pois é!
    19 dez, 2017 god 19:47
    na povoação onde habito, concelho de Sintra, freguesia da Terrugem, aguardo há 20 anos que seja instalado o gás natural, que permitiria um aquecimento central mais económico do que o utilizado através de gás propano de garrafa, cujo custo se situa por Kg de gás, em quase 9 vezes mais do que o natural. Tudo isto, apesar de ter sido obrigatório pela autarquia, há 20 anos, para obtenção da respectiva licença de habitação, a apresentar o projecto de gás natural para as obras de ampliação da moradia, e tendo concretizado a respectiva construção da canalização projectada. Outras situações idênticas acontecem na povoação. Em contactos com os operadores distribuidores de gás natural, a resposta é que terei de aguardar, uma vez que as infraestruturas necessárias representam investimentos elevados! Felizmente que a habitação foi dotada com eficiência energética adequada, mas há sempre necessidade de aquecimento interior, principalmente em determinadas épocas mais frias do ano e os anos vão passando e a idade aumentando! Deveria também ser feito um levantamento pela Quercus das povoações das grandes áreas metropolitanas, onde as condutas de gás natural passam nas estradas nacionais, mas os operadores não as ligam aos interiores dessas povoações!
  • Pedro
    18 dez, 2017 Cascais 23:19
    Ytong ou betao celular é a resposta para casas termicamente estaveis
  • Etelvina teixeira
    18 dez, 2017 Porto 22:47
    Mesmo com frio lá fora,está melhor na rua que em casa...incomportável as tarifas de energia em Portugal ,que é igual para o rico e para o pobre com reformas de miséria...a EDP em conjugação com o governo tinham obrigação moral de olharem para estes portugueses votantes,de lhes concederem um tarifário mais baixo no inverno,pensem um pouco por favor.
  • Francisco António
    18 dez, 2017 Setúbal 20:28
    A roupa adequada custa dinheiro ! A energia eléctrica custa ainda mais !O ar condicionado nem pensar ! Venha o cobertor...
  • Mario
    18 dez, 2017 Portugal 19:16
    E óbvio que sim pois as casas sao feitas se caixa de ar nem isoladas devidamente, a construção e medíocre por culpa de arquitectos e engenheiros civis com poucos conhecimentos e uma grande incompetência, as fiscalizacoes basta um envelope e tudo fica bem.....

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