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Estudo

Negligência é o que mais faz arder Portugal

06 dez, 2017 - 21:14

Trabalho do World Wildlife Fund alerta que a floresta portuguesa tem um problema estrutural e de gestão, questões agravadas pelas alterações climáticas.

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Ângela Morgado, da WWF Mediterrâneo, diz que a floresta portuguesa tem um problema estrutural e de gestão
Ângela Morgado, da WWF Mediterrâneo, diz que a floresta portuguesa tem um problema estrutural e de gestão

A maioria dos fogos em Portugal deve-se a comportamento negligente, conclui um estudo da organização ambiental World Wildlife Fund (WWF).

O documento aponta a falta de formação e educação das populações na prevenção e autodefesa em caso de incêndio.

Alerta para a “ausência de uma estrutura profissional e especializada que se dedique à prevenção e combate” aos fogos em Portugal.

O sobreinvestimento no combate aos incêndios, em detrimento da prevenção, é outro dos problemas apontados

Despovoamento e falta de gestão da floresta

Os incêndios em Portugal, segundo a WWF, devem-se também ao despovoamento e abandono rural, e consequente ausência de gestão das florestas - que leva à acumulação de biomassa combustível -, com a ajuda das alterações climáticas que se têm feito sentir e que resultam em verões mais longos, quentes e secos.

De acordo com a organização ambiental, a solução do problema passa pelo desenvolvimento de “politicas efectivas de desenvolvimento rural que tornem a paisagem menos combustível, que atraiam pessoas para o interior e incentivem a utilização sustentável do território, bem como medidas de educação e formação que mitiguem o impacto dos incêndios”.

Incentivar a gestão florestal e a certificação florestal, promover o associativismo florestal e a adopção de planos de gestão de florestal comum, envolver os agentes locais nos processos de decisão e apoio à gestão florestal, são mais algumas das alternativas mais que a organização ambiental também apresenta.

Eucalipto representa 11,4% da área ardida

O estudo revela, também, que 50,2% da área ardida em território nacional são “mato e pastagens”, correspondendo o coberto florestal a menos de metade dos incêndios ocorridos, com particular incidência no pinheiro-bravo e no eucalipto, a representar 15,4% e 11,4% da área ardida, respectivamente.

Segundo o relatório, as actividades ligadas à floresta representam aproximadamente 10% das exportações nacionais e gera mais de 110 mil postos de emprego directo.

Além das mais de 100 vítimas mortais, estima-se que, só no último ano, os incêndios tenham originado um prejuízo superior a 200 milhões de euros, entre as perdas causadas pela queima de madeira de valor industrial, a destruição de empresas e outros meios de subsistência, assim como dezenas de habitações e veículos.

Em entrevista à Renascença, Ângela Morgado, da WWF Mediterrâneo, diz que a floresta portuguesa tem um problema estrutural e de gestão, questões agravadas pelas alterações climáticas.

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