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Prémio D. Manuel Falcão

Entrevista “superdescontraída” a bispo vale distinção a jovem jornalista

06 dez, 2017 - 08:00 • Ângela Roque

“A religião é um tema que me interessa muito”, diz João Francisco Gomes. O jornalista de 21 anos conversou com D. António Marto sobre "o cepticismo que tinha em relação a Fátima”.

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João Francisco Gomes venceu a primeira edição do Prémio D. Manuel Falcão. Tem 21 anos e trabalha há menos de dois no jornal digital “Observador”, mas isso não impediu que fosse um dos seus trabalhos a ser distinguido.

“É um motivo de orgulho para mim receber este prémio tão novo e com tão pouca experiência no jornalismo”, afirmou à Renascença e à agência Ecclesia, depois de receber o galardão atribuído pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, da Conferência Episcopal Portuguesa, em parceria com o Grupo Renascença Multimédia.

João diz que “a religião é um tema que me interessa muito” e que, embora na imprensa em geral seja um tema “com cada vez menos lugar”, no ‘Observador’ não é assim. “Tenho tido a liberdade para escrever”. Vê, por isso, neste prémio mais “um incentivo” para continuar a fazê-lo.

O prémio distinguiu, em particular, a entrevista que fez ao bispo de Leiria-Fátima em Maio, antes da visita do Papa.

“Publicamos com regularidade entrevistas de vida, mais profundas e que vão buscar mais aquilo que é mesmo a vida das pessoas”. E foi o que aconteceu com esta, feita por ocasião do centenário das aparições, e em que D. António Marto falou sobre a vida, a família, a relação pessoal com a fé.

“Tentei puxar pela questão do cepticismo que ele tinha relativamente a Fátima, antes de se converter, e hoje é bispo de Fátima, uma ironia extraordinária!”, sublinha João Francisco Gomes, acrescentando que esta foi uma entrevista que lhe deu mesmo “muito gosto” fazer, porque “foi uma conversa superdescontraída. Acho que foi sobretudo devido a essa abertura que a entrevista ficou interessante”. E acabou por ser distinguida.

Premiar o jornalismo que “fala verdade”

“Estamos na era das ‘fake news' e das inverdades, e temos que fazer tudo o que está ao nosso alcance para incentivar os valores, a verdade, e o trabalho sério dos profissionais da comunicação social”, explica o padre Américo Aguiar, a propósito da atribuição deste prémio.

O presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença e também director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, diz que a entrevista escolhida é um bom exemplo de como se pode tratar da temática religiosa sem ser de uma forma estritamente institucional, revelando, no caso, a faceta humana de um bispo.

“Pareceu-nos uma maneira muito interessante, jornalisticamente falando, de abordar uma entrevista”, porque “aquela conversa mostra um homem que partilha sem complexos a sua fé, a sua caminhada, e que nos toca”. E brinca: “o premiado devia partilhar o prémio com o D. António Marto, porque ele também o ajudou muito”.

Américo Aguiar garante que a escolha não foi difícil. “Tivemos várias candidaturas. Poucos órgãos de comunicação social, mas várias dentro dos mesmos órgãos. Este jornalista destacou-se pelo número de peças que foram apresentadas”, revela o presidente do Grupo Renascença Multimédia, lembrando que as candidaturas a este prémio “não podem ser apresentadas pelos próprios”, tem de ser propostas por terceiros.

O Prémio de Jornalismo D. Manuel Falcão, no valor de 2.500 euros, foi criado em 2016, por ocasião do 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais, para “apoiar, incentivar e galardoar trabalhos jornalísticos de temática religiosa” em português, e publicados nos media nacionais.

Destina-se a “jornalistas, fotógrafos, repórteres de imagem, editores de vídeo e outros profissionais dos media”. Nesta primeira edição, o júri escolheu a entrevista intitulada “D. António Marto: representava melhor o diabo do que o anjo. Ironia do destino”, publicada no “Observador” a 7 de Maio de 2017.

A data para a divulgação do vencedor não foi escolhida ao acaso: “Quisemos homenagear D. Manuel Falcão neste dia 6 de Dezembro, porque foi esta a data da sua nomeação episcopal”, explica o padre Américo Aguiar.

Antigo bispo auxiliar de Lisboa, e posteriormente bispo de Beja, foi graças a D. Manuel Falcão (1922–2012) que surgiram nas últimas décadas projectos como o do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e a própria agência Ecclesia.

Foram da sua responsabilidade o ‘Boletim de Informação Pastoral’ (1959-1970), e o ‘Boletim Diocesano de Pastoral’ do Patriarcado de Lisboa (1968-1975).

Já na diocese do Baixo Alentejo manteve, durante mais de duas décadas, uma coluna de opinião no jornal ‘Notícias de Beja’, que utilizou para analisar e refletir sobre os acontecimentos da actualidade numa perspectiva cristã.

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