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​Educação

Alunos estão a ler pior. Ex-ministro Nuno Crato rejeita críticas

05 dez, 2017 - 23:33

"É preciso olhar para os resultados, para os negativos e para os positivos, e pensar no que se pode melhorar e não destruir tudo”, defende o antigo ministro da Educação em declarações à Renascença.

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Os alunos portugueses estão a ler pior, mas o ex-ministro da Educação Nuno Crato rejeita as críticas pelos resultados do estudo internacional do Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS).

A última grande avaliação internacional em Educação, divulgada esta terça-feira, revela uma descida dos resultados dos alunos portugueses do 4º ano na compreensão da leitura.

O secretário de Estado da Educação, João Costa, culpa as políticas seguidas pelo anterior ministro da Educação Nuno Crato.

Em declarações à Renascença, Nuno Crato admite que os resultados não são bons para Portugal, mas rejeita as críticas ao seu Governo.

“São resultados a ter em consideração, são resultados negativos para Portugal, para os estudantes portugueses. Temos que interpretar bem o que eles querem dizer. Agora, não podemos pensar que depois de uma série de resultados muito positivos, obtidos entre 2011 e 2015, que estes resultados que foram obtidos em 2016 têm o mesmo significado que os outros. Em 2015, situámo-nos acima da média da OCDE e, em Matemática do quarto ano, à frente da Finlândia. Houve um progresso muito importante e gostava de saber se esse progresso é aplaudido ou não pelo Governo e pelos críticos.”

Nuno Crato rejeita as críticas do Governo, mas também as da Associação de Professores de Português. O antigo ministro da Educação diz que o facilitismo não é o caminho.

“Estou em completo desacordo. Eu acho e não sou só eu, são os psicólogos cognitivos, os psicopedagogos, toda a gente que tem estudado a leitura de uma maneira moderna acha que é importante ter uma grande fluência de leitura para poder interpretar bem os textos. Há pessoas que não. Há pessoas que põem as duas coisas em oposição. Eu estou convencido – assim como a ciência moderna – de que a fluência da leitura é a base para uma boa interpretação dos textos”, argumenta.

Outra questão, para o antigo ministro, é o que apelida de “desvalorização da literatura portuguesa”.

“Insisti sempre muito que os clássicos da literatura portuguesa deveriam ser conhecidos dos nossos jovens”, defende.

Nestas declarações à Renascença, Nuno Crato diz ainda que o caminho a seguir perante estes resultados não deve ser o de mudar tudo o que foi feito pelo anterior Governo.

“O Governo não tem feito outra coisa senão dizer que vai inverter aquilo que foi feito pelos governos anteriores. Não estamos só a falar do Governo a que eu pertenci, o Governo actual está a recuar muito atrás disso. Não tem feito outra coisa senão dizer que quer reverter essas medidas e que a culpa é sempre dos outros, tudo o que corre mal foram os governos anteriores que fizeram. Era preciso um pouco mais de modéstia, é preciso olhar para os resultados, para os negativos e para os positivos e pensar no que se pode melhorar e não destruir tudo”, apela Nuno Crato.

Comentários
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  • era de esperar
    07 dez, 2017 lis 10:12
    Agora estão a sair os numeros que resultam da politica de sufoco a que o país esteve sujeito, com a conivência e habilidade deste personagem CDS acolito PSD! O que é mais ridiculo é a desfaçatez como este e toda a sua pandilha politica vêm agora tentar sacudir a agua
  • este figurão
    07 dez, 2017 lis 08:30
    Menino revolucionario, pintor de paredes, no tempo do Prec, é um intelectualoide oportunista, que escreveu uns livrecos sedutores e efemeros sobre matemática e como ministro da educação foi um autêntico erro crasso! Se o egocentrismo pagasse imposto este figurão estaria no escalão mais alto!
  • Vasco
    06 dez, 2017 Santarém 22:00
    Sempre que um novo governo entra em funções vários processos são alterados sendo o da educação sempre uma das vítimas, portanto o actual ministro da educação sabe muito bem que mixordou em tudo, escusado será virem agora atirar culpas a outros quando nós vemos que a educação vai sempre de cavalo para burro. Deixem-se de actuações ideológicas e acordem entre todos um sistema eficaz e duradoiro e o resto são tretas.

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