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Artista da Semana

Este texto nem precisava de existir, a música de Mayra fala por si

08 ago, 2014

Mas para a página não ficar em branco, e porque a cantora merece, contamos-lhe mais sobre ela

Este texto nem precisava de existir, a música de Mayra fala por si

O percurso de Mayra Andrade já lhe valeu muitos carimbos no passaporte e isto ainda antes de fazer carreira na música.
Nascida em Cuba, Mayra viveu os seus primeiros anos em Cabo Verde, mas cresceu também no Senegal, Angola e Alemanha. Não é por isso de estranhar que fale e cante com tanta facilidade noutras línguas e que diga que “sotaque é música”.

Se Mayra fosse um animal provavelmente seria… um camaleão - não no sentido de disfarce ou de camuflagem, mas no sentido em que se adapta, aparentemente sem esforço, aos vários meios onde vive. Países, cidades, línguas, sonoridades diferentes não lhe parecem ser nada estranhos.

Talvez por isso, um dos receios de Mayra para o disco “Lovely Difficult” era que este se tornasse numa “salada russa” – por cantar em línguas diferentes – mas, se ouvir o último trabalho da cantora com atenção, vai concordar que todas as músicas encaixam como as peças de um puzzle. De perto cada peça vale por si e ao longe o desenho que se revela mostra toda uma coerência, como se nunca tivesse sido de outra maneira.

Apesar de se descrever como “profundamente cabo-verdiana”, Mayra Andrade diz que este disco representa a sua vivência europeia (a cantora vive em Paris há mais de uma década e o disco foi gravado no Reino Unido).

Mas Mayra não se deixa prender a ideias preconcebidas, para ela ser cabo-verdiana não é cantar apenas em crioulo. Para ela cantar em crioulo é, efectivamente, uma necessidade “mas uma necessidade que não se pode tornar uma limitação”.

Em inglês, francês, crioulo ou português o importante é a música e por isso lhe dizíamos que a música de Mayra fala por si. “Ilha de Santiago”, ”We used to call it love”, “Rosa”, “Le jour se lève”, “Ténpu ki bai” são algumas das músicas que pode descobrir em “Lovely Difficult” e também nos concertos Renascença que a cantora deu em Lisboa, Cascais, Tavira e Braga.