Emissão Renascença | Ouvir Online

"Pode não haver" candidato único da direita a Belém, admite "vice" do PSD

05 mai, 2015

No programa "Falar Claro" da Renascença, o dirigente social-democrata José Matos Correia não dá por adquirido que PSD e CDS apoiem o mesmo nome na corrida a Belém.

"Pode não haver" candidato único da direita a Belém, admite "vice" do PSD
Em declarações ao programa "Falar Claro" da Renascença, o vice-presidente do PSD, José Matos Correia, não dá por adquirido que o seu partido e o CDS apoiem o mesmo nome na corrida a Belém e critica a forma como o PS se posiciona em relação a Sampaio da Nóvoa, um candidato cujo discurso "não tem sustentação constitucional". Vera Jardim admite que o antigo reitor da Universidade de Lisboa pode mesmo vir a ser o candidato do PS a Belém e diz que há "algum mal-entendido" em muitas pessoas quanto aos

"Pode não haver" um candidato único da direita à Presidência da República, admite o vice-presidente do PSD, José Matos Correia, no programa "Falar Claro" da Renascença.

PSD e CDS vão coligados às eleições legislativas, mas o dirigente social-democrata não dá por adquirido que os dois partidos apoiem o mesmo nome na corrida a Belém.

"Se houver um entendimento... Pode não haver. O futuro a Deus pertence", afirma José Matos Correia.

O "vice" do PSD reconhece, no entanto, que a "solução normal" será os dois partidos chegarem a um entendimento para um candidato único, "preferencialmente" depois das legislativas, como diz o acordo de coligação assinado entre Passos Coelho e Paulo Portas.

No "Falar Claro" desta semana, José Matos Correia faz uma "confidência": Até agora, a direcção política do PSD "nunca, em nenhuma circunstância" discutiu "o apoio a este ou aquele candidato presidencial", nem mesmo a Marcelo Rebelo de Sousa ou Santana Lopes.

"Se houver candidatos que se queiram apresentar, problema deles"
O socialista Vera  Jardim também garante que os órgãos do partido ainda não discutiram o apoio a qualquer candidatura à Presidência da República, apesar de vários históricos do PS, como Mário Soares e Jorge Sampaio, terem marcado presença na apresentação do antigo reitor da Universidade de Lisboa Sampaio da Nóvoa.

José Matos Correia critica o Partido Socialista na forma como está a conduzir o "dossier" Belém e afirma que o PSD não faz das "presidenciais candidaturas partidárias".

"Se houver candidatos que se queiram apresentar, é um problema deles. Agora, fá-lo-ão porque entendem que o devem fazer, não porque estejam organizados com a direcção política do partido para fazer isso, como acontece no PS."

Vera Jardim responde que a presença de personalidades socialistas na apresentação da campanha de Sampaio da Nóvoa não significa um "apoio oficial" do PS, apesar de admitir que isso possa vir a acontecer no futuro.

"As candidaturas são pessoais, os partidos analisarão as candidaturas que estão no terreno e darão ou não darão o seu apoio a esta ou aquela candidatura. Claro que não podemos esquecer que há várias pessoas do Partido Socialista que estavam presentes na sessão de apresentação [de Sampaio da Nóvoa]. Isso tudo é verdade, mas isso não significa um apoio oficial do PS, expresso, à candidatura do doutor Sampaio da Nóvoa. Agora, não estou a dizer que ela não venha no momento apropriado."

Discurso de Nóvoa "não tem sustentação constitucional"
Para Matos Correia, o discurso do antigo reitor da Universidade de Lisboa  afirma "uma leitura dos poderes presidenciais que não tem sustentação constitucional" e vem ao "arrepio de tudo o que tem sido a prática, e bem, dos nossos Presidentes da República".

"Esta ideia de que Belém é o local a partir do qual um projecto de mudança e de alternativa política se deve construir, é manifestamente um erro", sublinha.

Já Vera Jardim refere que Sampaio da Nóvoa "tem uma ideia do que é a importância do mandato presidencial no sistema político português", mas “gostaria mais que falasse na Constituição, nos valores constitucionais, naquilo que é o Presidente da República".

O antigo ministro socialista identifica "algum mal-entendido que não é só do doutor Sampaio da Nóvoa, é muito geral em muitas pessoas, quanto aos exactos termos dos poderes do Presidente da República". Vera Jardim reconhece que o antigo reitor tem feito nas últimas entrevistas um esforço para "explicitar algumas coisas que, porventura, ele entenda que terão sido mal compreendidas por várias pessoas".

Sampaio da Nóvoa é um candidato sem percurso nos partidos. José Matos Correia considera que destacar este afastamento é uma "maneira de subtil, mas pouco simpática de fazer uma diferenciação dos políticos, como se ele fosse melhor do que os políticos porque nunca fez política".

O vice- presidente do PSD argumenta que Sampaio da Nóvoa, apesar do passado na academia, "não deixa, ao mesmo tempo, de fazer um conjunto de considerações que são, claramente, de natureza político-ideológica, quiçá, mesmo partidária, quando por exemplo tece considerações sobre o que é o doutor António Costa, sobre as mais-valias e o que pode ser o doutor António Costa".