Tempo
|

Morais Sarmento: Comissão BES "vai encalhar" no papel do Governo

31 mar, 2015

No programa Falar Claro da Renascença, o social-democrata Nuno Morais Sarmento defende que o Governo não deve "manter-se à parte" do que acontece no BES e na PT. O socialista Fernando Medina considera que o executivo acabou por marcar “muitas das decisões” na resolução do BES.

Morais Sarmento: Comissão BES "vai encalhar" no papel do Governo
No programa “Falar Claro” da Renascença, o social-democrata Nuno Morais Sarmento diz que a comissão BES “vai encalhar” no papel do Governo. O socialista Fernando Medina defende que o executivo acabou por marcar “muitas das decisões” na resolução do banco.

A comissão parlamentar de inquérito ao caso BES “vai encalhar” na recta final, afirma o social-democrata Nuno Morais Sarmento.

No programa Falar Claro da Renascença, o antigo ministro da Presidência antevê uma falta de consenso entre os partidos no que diz respeito ao papel do Governo na resolução do banco.

“Aquela comissão tem 85% do trabalho que fez consensualizado e vai encalhar neste ponto: o PS acha mais importante – isto é que é táctica política - meter lá que o Governo ao não intervir e ao não ter permitido outras soluções pode… Como a realidade não anda para trás, eles também não têm maneira de provar coisa nenhuma. Como sabem que isto é prova impossível, é uma questão de opinião.”

O Governo garante que não teve qualquer interferência na resolução do BES e que a decisão pertenceu ao Banco de Portugal. Nuno Morais Sarmento não subscreve esta maneira de (não) actuar.

“Deve ou pode um Governo em questões desta natureza – e já em relação à PT a questão se coloca - manter-se à parte? E a minha opinião é de que não pode manter-se à parte”, defende o comentador social-democrata.

Sobre os trabalhos da comissão, Morais Sarmento elogia a frontalidade do presidente do BPI, Fernando Ulrich, e critica depoimento do ex-presidente executivo da Portugal Telecom (PT) Zeinal Bava.

“Uma pessoa com as capacidades que Zeinal Bava demonstrou ter enquanto gestor não pode fazer uma figura daquelas e um depoimento daqueles”, atira o antigo ministro.

Governo "marcou fundamental das decisões”
O socialista Fernando Medina, convidado especial do Falar Claro desta semana, defende que o Governo não tem como escapar ao desenlace do caso BES.
 
“Chega-se ao mecanismo de resolução. O Ministério das Finanças tem tido o condão de tentar, no meio de um processo desta complexidade, sair bastante afastado desta história, mas a verdade é que marcou muitas das decisões e do fundamental das decisões sobre o Grupo. Eu confesso que ainda não me sinto, hoje, avaliado para dizer se essas decisões foram as melhores, dados os contextos”, refere o vice-presidente da Câmara de Lisboa. 

Fernando Medina espera que da comissão parlamentar de inquérito ao caso BES não resulte uma “leitura muito simplista” ou uma “caça dos culpados e dos bodes expiatórios”.

“Isso seria o pior que podia acontecer agora no final dos trabalhos da comissão”, sublinha aquele que será o sucessor de António Costa na autarquia.