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Morais Sarmento não vê "saída limpa desta situação"

25 nov, 2014

Comentadores do programa "Falar Claro" da Renascença criticam actuação judicial no caso Sócrates.

Morais Sarmento não vê "saída limpa desta situação"

“Não vejo saída limpa desta situação”, disse o social-democrata Morais Sarmento no programa “Falar Claro” da Renascença desta segunda-feira. A situação é a detenção de José Sócrates.

Morais Sarmento considera que a política ou a justiça, ou ambas, podem não ter uma “saída limpa” deste caso. E o socialista Vera Jardim concorda.

Os habituais comentadores do “Falar Claro” – que foi gravando antes de serem conhecidas as medidas de coacção - debateram a detenção e José Sócrates e criticaram alguns aspectos da actuação judicial neste caso.

“Isto coloca o sistema de justiça sob uma pressão brutal”, afirmou Morais Sarmento, para quem o facto de estar em causa um ex-primeiro-ministro exige uma “indiciação mais forte” por parte das autoridades policiais e judiciais.

E acrescenta: “Vamos ter uma fase difícil, complicada, muito tensa. E ou chegamos a um resultado rapidamente e o país pode ter uma leitura de que vale a pena e as instituições funcionam ou isto começa a arrastar-se, a embrulhar-se e a não desenvolver e não sei se a complicação não é ainda maior por causa do que isto representa para a justiça. Não vejo saída limpa desta situação para a justiça ou para a política. Ou para os dois.”

Vera Jardim concorda com esta leitura. Mas o antigo ministro da Justiça tem ainda uma posição ainda mais crítica do andamento deste caso. Condena as “claras, flagrantes e graves violações de segredo de justiça” e diz que a “justiça tem um problema comunicacional”, que tem de resolver.

Fazendo uma leitura dos procedimentos levados a cabo nos últimos grandes casos, como o de Sócrates, o caso BES e o caso dos vistos dourados, o comentador socialista diz que “pesa sobre os portugueses” uma situação que “cria grande angústia” e “desconfiança nas instituições”.

“Há aqui um método que me começa a desgostar, há aqui coisas esquisitas no meio disto. A actuação não é proporcional àquilo que se pretende”, acusa Vera Jardim, referindo-se sobretudo às detenções para inquirição e ao aparato policial que marcaram estes casos.

Já o antigo ministro social-democrata Morais Sarmento reconhece que o primeiro-ministro e líder do PSD, Pedro Passos Coelho, foi “infeliz” ao dizer, este domingo, na Guarda, que “os políticos não são todos iguais”.