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Coligação PSD/CDS começa a "deslaçar". Mas "lá terão que ir juntos" a eleições

21 out, 2014

Social-democrata Nuno Morais Sarmento diz, no programa "Falar Claro" da Renascença, que Orçamento não fornece "cimento" à coligação PSD/CDS.

Coligação PSD/CDS começa a "deslaçar". Mas "lá terão que ir juntos" a eleições
Social-democrata Nuno Morais Sarmento diz, no programa "Falar Claro" da Renascença, que Orçamento não fornece "cimento" à coligação PSD/CDS.
O Orçamento do Estado evidenciou diferenças e o Governo de coligação PSD-CDS começa a perder solidez, afirma o social-democrata Nuno Morais Sarmento no programa "Falar Claro" da Renascença.

"A coligação começa a ter um problema que é: a partir de certo momento, serem mais claras ou mais fortes as razões daquilo que os separa do que daquilo que os junta", afirma o antigo ministro da Presidência.

"Quando isto acontece em qualquer relação", sublinha Nuno Morais Sarmento, "as coisas começam a deslaçar e a não fazer sentido".
 
Falta cimento na coligação
Para o comentador social-democrata, a proposta de Orçamento do Estado para 2015 tem falta de "cimento" entre PSD e CDS e de uma visão de futuro. Destacam-se pontos de tensão, como a questão da sobretaxa de IRS.

"Se por causa do Orçamento houvesse razões de tensão, como foram as reduções em sede de IRS, mas houvesse também um sonho qualquer partilhado, o anúncio de um caminho qualquer que se deseja fazer junto, uma visão qualquer para a frente, isso seria o cimento que aguentaria estas tensões", defende.

"Quando tem um Orçamento de fim de ciclo, em que já não há tanto esse cimento do futuro que queremos construir juntos, porque ele não está lá no Orçamento, essa é a parte mais negativa, para mim, do Orçamento. É evidente que as tensões passam a ser o essencial", sublinha. 
 
"Dificilmente não haverá uma coligação"
Mas poderá haver uma nova coligação PSD-CDS nas próximas eleições? Nuno Morais Sarmento considera que os dois partidos estão praticamente condenados a concorrer juntos.
 
"Dificilmente não haverá uma coligação" nas próximas eleições legislativas, "mas não pelas melhores razões", admite. "Ambos percebem que se depois deste período se apresentam separados a eleições é uma coisa um bocadinho estranha. Portanto, lá terão de ir juntos", prevê o antigo ministro.

Morais Sarmento deixa outra ideia: O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho sabia que se dissesse “sim” a uma coligação com o CDS nas legislativas antes da apresentação Orçamento, iria “pagar um preço no próprio Orçamento”. Agora, com o documento apresentado, já “está pronto a falar com Paulo Portas”.